Novo episódio do Podcast Papo Filosófico

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

A Importância das Técnicas da Leitura, Fichamento, Resumo e Resenha na Produção de Textos Técnico-Científicos


SUMÁRIO: 1 Introdução; 2 Produção Científica; 3 Leitura; 4 Fichamento; 4.1 Fichamento Bibliográfico; 4.2 Fichamento de Resumo ou Conteúdo; 4.3 Fichamento de Citação; 5 Resumo; 6 Resenha; 7 Considerações finais; 8 Referências.

1 Introdução

É fato notório que a produção cientifica brasileira nos últimos anos deu um salto quantitativo, mas a qualidade ainda deixa a desejar se comparada com a produção científica americana e europeia. O problema reside no fato de que maioria dos alunos da graduação e pós-graduação não são devidamente instruídos a selecionar as ideias principais de um texto e a desenvolver ideias próprias.

Corrobora nossa afirmação, publicação recente da Folhaonline (1), onde, destaca-se que a produção cientifica cresceu 56% no Brasil. Segundo a matéria, de 2007 para 2008, a produção científica brasileira cresceu 56% e o país passou da 15ª para a 13ª colocação no ranking mundial de artigos publicados em revistas especializadas. No entanto, a qualidade dessa produção, medida pelo número de citações que um artigo gera após ser publicado, continua abaixo da média mundial.

Sob tal enfoque, faz-se necessário estimular os acadêmicos desde os anos iniciais da vida universitária na elaboração de textos técnico-científicos, pois somente a persistência e dedicação trarão resultados positivos para o país e toda sociedade.

Nesse sentido, este artigo tem por objetivo trazer à baila, técnicas importantes na produção cientifica, isto é, as técnicas de leitura, fichamento, resumo e resenha.

A leitura é a base de toda produção cientifica. A leitura solidifica o estilo, amplia o conhecimento, muda comportamentos e ajuda na articulação linguística.

Quanto às técnicas de fichamento, resumo e resenha, cabe registrar que são ferramentas muito importantes para elaboração de trabalhos de pesquisa científica. Tais instrumentos visam a facilitar a organização do conhecimento adquirido, favorecendo o estudo, tornando a leitura mais eficiente e eficaz.

2 Produção Científica

Um dos maiores desafios que se vem enfrentando nos cursos de graduação e pós-graduação é a produção de textos técnico-científicos de qualidade. Pode-se dizer que a produção de textos requer domínio específico da matéria e conhecimento, no mínimo, satisfatório da linguagem utilizada na produção, em face da clareza ser condição de validação do texto.

Geraldina Porto Witter define a produção cientifica como sendo a forma pela qual a universidade ou instituição de pesquisa se faz presente no saber-fazer-poder ciência. Para este, a produção científica é a base para o desenvolvimento e a superação de dependência entre países e entre regiões de um mesmo país; é o veículo para a melhoria da qualidade de vida dos habitantes de um país; é a forma de se fazer presente não só hoje, mas também amanhã. Segundo o autor, este rol pode ir longe, mas, seja qual for o ângulo que se tome por referência, é inegável o papel da ciência na vida das pessoas, das instituições e dos países. Aduz que se pode afirmar que alguma produção científica está ligada à maioria, quase totalidade das coisas, dos eventos, dos lugares com que as pessoas se envolvem no cotidiano. (2)

Nesse contexto, a produção científica gerada por um pesquisador deve ter compromisso social, ser conhecida e útil para a comunidade acadêmica e a sociedade em geral. Por esta razão, o pesquisador deve ter em mente que a produção científica não é somente para o seu aprimoramento intelectual, pois, além disso, deve ter por objetivo beneficiar toda a sociedade.

Em suma, é através do conhecimento produzido na graduação e pós-graduação que se adquire conhecimento para mudar a sociedade. É através deste conhecimento adquirido que se propõem soluções para os problemas que a sociedade enfrenta no dia-dia.

Por outro lado, cabe registrar que nas últimas décadas a produtividade científica vem ganhando grande importância na sociedade brasileira, podendo-se até dizer que mantém íntima relação com o desenvolvimento econômico e social.

Nesse viés, urge ressaltar que a produção científica é parte de um grande sistema social chamado ciência. Nesse sentido é a lição de Macias-Chapula, para quem, a ciência necessita ser considerada como um amplo sistema social, no qual uma de sua função é disseminar conhecimentos. Sua segunda função é assegurar a preservação de padrões e, a terceira, é atribuir crédito e reconhecimento para aqueles cujos trabalhos têm contribuído para o desenvolvimento das ideias em diferentes campos. (3)

Portanto, é por intermédio da produção de texto técnico-científico de qualidade, eficiente e produtivo que docentes e discentes podem avançar em seus conhecimentos, permitindo a construção de um Estado mais condizente com o modelo de vida almejado por toda sociedade.

3 Leitura

A leitura é uma atividade extremamente importante para o homem civilizado, atendendo a múltiplas finalidades. A leitura insere o ser humano em um vasto mundo de conhecimentos, propiciando a obtenção de informações em relação a qualquer contexto e área do saber.

Sob tal enfoque, urge compreender que a técnica da leitura garante um estudo eficiente, quando aplicada qualitativamente. Nesse contexto, cabe registrar que em sua grande maioria, o produtor de texto técnico-científico fracassa porque sua leitura não é eficiente.

Com esse intróito, busca-se realçar a necessidade de desenvolvimento de hábitos de estudo, com prioridade para técnicas de leitura, a fim de permitir a continuação da pesquisa para além dos bancos escolares. Em essência, a leitura é uma das principais formas de aquisição de informação e conhecimento por parte do ser humano.

Para Eva Maria Lakatos e Marina de Andrade Marconi, a leitura constitui-se em um dos fatores decisivos do estudo e imprescindível em qualquer tipo de investigação científica. Segundo estes, a leitura favorece a obtenção de informações já existentes, poupando o trabalho de pesquisa de campo ou experimental. (4) Lado outro, João Bosco Medeiros e Antonio Henriques escrevem que alguns tópicos devem ser observados a fim de facilitar o aproveitamento da leitura: a) primeiramente há que se determinar um objetivo a ser alcançado; b) esclarecer as dúvidas que possam ocorrer durante a leitura do texto com a consulta a um bom dicionário; c) assimilar as idéias principais do texto, captar as mensagens; d) fazer um esquema com as ideias principais e e) elaborar frases-resumos com base no que foi sublinhado. (5)

Nesse sentido, antes de se iniciar no estudo de um texto ou obra o leitor deve compreender quais são seus objetivos. Deve-se perguntar que informação terá que encontrar e por que encontrá-la e quando encontrar, qual uso fará dessa informação.

Em alguns casos, a colocação dos problemas pode ser difícil, mas o leitor deve-se perguntar pelo menos: qual a relação deste tópico com a unidade que está estudando; qual a relação deste tópico com outras unidades que já estudou etc.

Uma boa leitura é aquela em que não se lê palavra por palavra, mas sim, o conjunto de palavras que constituem unidades de pensamento. Essas unidades de pensamento são essenciais para uma perfeita compreensão de significados e da mensagem que o texto quer nos passar.

Nesse diapasão, há que se registrar que a grande maioria dos produtores de textos técnico-científicos perde a maior parte do tempo com leitura de material que em nada ajudará na produção literária. As pesquisas demonstram que existem diferenças no nível de aprendizagem quanto a material significativo e pouco significativo.

Segundo João Bosco Medeiros, em primeiro lugar, o leitor deve considerar que a leitura é seletiva e que há vários modos de realizá-la, como: a) o que é relevante para o leitor é a relação do texto com o autor (o que o autor quis dizer?); b) relação do texto com outros textos (leitura comparativa); c) o que é relevante é a relação do texto com seu referente; e d) relação do texto com o leitor (o que você entendeu?). (6)

Por outro giro, João Bosco Medeiros e Antonio Henriques dizem que a leitura, não obstante possa ser agradável e prazerosa, é empreendida com finalidade prática, pois tem algum tipo de compromisso com o resultado que o leitor espera de seu esforço. Ou seja, lê-se para aprender, não cabendo se questionar o que se lê. Ademais, estabelecem que um bom leitor deve ser capaz de praticar níveis diferentes de leitura, ou seja:

1. Leitura elementar: leitura básica ou inicial. Ao leitor cabe reconhecer cada palavra de uma página, o qual dispõe de treinamento básico e aquisição rudimentar da arte de ler;

2. Leitura inspecional: caracteriza-se pelo tempo estabelecido para a leitura. Arte de folhear sistematicamente;

3. Leitura analítica: é minuciosa, completa, a melhor que o leitor é capaz de fazer. É ativa em grau elevado e tem em vista principalmente o entendimento;

4. Leitura sintópica: leitura comparativa de quem lê muitos livros, correlacionados entre si. Nível ativo e laborioso da leitura. (7)

Ressalte-se que os quatro níveis de leitura são cumulativos, exigindo-se de um leitor competente o transito por todos os níveis, com desenvoltura e autonomia. Enfim, quanto mais tempo de leitura tiver o leitor, mais produtiva se tornará sua leitura.

Ademais, existem algumas técnicas que podem ajudar a desenvolver a prática de uma leitura produtiva e eficiente. Cite-se o caso do grifo, processo este que pode ajudar na concentração e no desenvolvimento de um processo seletivo do texto e de resumo. Essa medida, ou seja, o grifo, deve ser usado tendo em mente dois objetivos: primeiro deve ser utilização pelo leitor como uma ajuda a entender e organizar a matéria; e segundo, como um auxílio para futuras revisões.

Por fim, de cite-se a doutrina de Délcio Vieira Salomon, segundo qual, pode-se dizer que um bom leitor lê rapidamente e entende bem o que lê. Tem habilidades e hábitos como: ler com objetivo determinado; ler unidades de pensamento; tem vários padrões de velocidade; avalia o que lê; possui bom vocabulário; tem habilidades para conhecer o valor do livro; sabe quando deve ler um livro até o fim, quando interromper a leitura definitivamente ou periodicamente; discute frequentemente o que lê com colegas; adquire livros com frequência e cuida de ter sua biblioteca particular; lê assuntos vários; lê muito e gosta de ler, sendo que o bom leitor é aquele que não é só bom na hora de leitura, mas é bom leitor porque desenvolve uma atitude de vida: é constantemente bom leitor. Não só lê, mas sabe ler. (8)

4 Fichamento

Pode-se definir a técnica do fichamento com sendo o ato através do qual se registra os estudos de uma obra ou texto, em fichas ou em folhas de papel. Fichar é selecionar, organizar e registrar informações que futuro servirão como material organizado para consulta e fonte para estudos posteriores. Atualmente, vem se disseminando a confecção de fichamento em meios eletrônicos, em face de uma visão ecológica.

Noutras palavras, o fichamento traduz informações de outro texto de forma mais : o conhecimento adquirido por meio da leitura se em ; eópicos e temas de interesse abordados no texto-base; acompreensão do texto; pa ção dados relevantes,ão as informações lidas, a ção as ideias internas do texto-base, a ão as ideias do texto-base e as do projeto de ficha o texto.

Nesse sentido, o fichamento é uma maneira excelente de manter um registro de tudo que se lê. Após a confecção de um bom fichamento de um texto, ou livro, nunca mais será preciso recorrer ao original novamente, o que trará ganho de tempo. Além disso, o fichamento facilita a execução dos trabalhos acadêmicos e a assimilação dos conteúdos estudados.

Para César Luiz Pasold, a ciência do fichamento é uma arte, pois, deve haver no produto desta técnica uma preocupação estética. Ou seja, o operador desta ferramenta deve zelar para que o trabalhado resultante da aplicação dessa técnica seja apresentado de maneira organizada, ordenada e de fácil manuseio. (9)

A elaboração do fichamento deve ocorrer em etapas. O leitor deve iniciar com uma leitura corrida geral, sem anotações. Permitindo-se, assim, o primeiro contato com alguns aspectos da obra como: tema tratado, seus aspectos estruturais e estilo do autor e ao mesmo tempo resolver dúvidas ou incertezas relativas ao vocabulário empregado e aos conceitos introduzidos no texto. Em seguida, fazer uma leitura mais cuidadosa, selecionando as ideias a serem destacas.

Uma técnica que ajuda no fichamento e que também deve ser usada é a sublinhação. Sublinhar é isolar do texto um número reduzido de frases e expressões que melhor sintetizam as informações lidas. Ou seja, sublinhar implica redução de texto e não transcrição total. O número de frases ou expressões destacadas deve ser reduzido, destacar somente a ideia que mais chamou a atenção evitar sublinhar idéias repetidas, sublinhar textos que representam uma ideia central. Assim, não se trata de resumir o texto ou parte dele, mas sim de isolar nele o que lhe parece mais significativo.

De acordo com diversos autores, o fichamento deve conter a seguinte estrutura: cabeçalho indicando o assunto e a referência da obra, isto é, a autoria, título, o local de publicação, a editora e o ano da publicação.

Segundo Humberto Eco existem vários tipos de fichas: a) fichário de idéias – anotação de idéias que surgem durante a leitura; b) fichário temático – as formas diversas que os autores abordam um mesmo problema/tema; c) fichário por autores; d) fichário de citações; e) fichário de leitura e g) fichas de trabalho. (10)

De outra banda, Luiz Antonio Rizzatto Nunes propõe como sugestão sete tipos de fichas ou relatórios de leitura: a) relatório de leitura de bibliografia (RLB); b) relatório de leitura de obras (RLO); c) relatório de leitura de temas (RLT); d) relatório de leitura de normas jurídicas (RLN); e) relatório de leitura de jurisprudência (RLJ); f) relatório de leitura de anotações pessoais/observações gerais (RLA); e g) relatório de leitura de dados biográficos dos autores (RLD). (11)

Cite-se também César Luiz Pasold que apresenta 5 (cinco) tipos de fichamento que podem ajudar no registro de leituras e atos científicos ou acadêmicos. Quais sejam: 1. Ficha destaques/referente de obra científica – serve para registro de elementos teóricos ou práticos encontrados em pesquisa de livros ou ensaio ou artigo; 2. Ficha registro de categorias e conceitos operacionais (COPS) – serve para registro de categorias e respectivos conceitos operacionais encontrados em pesquisa de livros ou ensaio ou artigo; 3. Ficha de resumo/analítica de obra científica – serve para registro do resumo do conteúdo de livro/ensaio/artigo e elaboração de análise criticamente responsável sobre o conteúdo lido; 4. Ficha resumo/analítica de palestra/conferência – serve para registro do resumo do conteúdo de palestra/conferência e do aprendizado nela havido; e 5. Ficha resumo/analítica de sessão de defesa de trabalho acadêmico – serve para registro do resumo do conteúdo de sessão de defesa de trabalho acadêmico e do aprendizado nela havido. (12)

Nesse diapasão, caberá ao produtor de texto técnico-científico escolher aquele que melhor se adapte ao tipo de trabalho que pretender produzir. Não obstante, insta ressaltar que, conforme a maioria da doutrina, existem três tipos básicos de fichamento: o fichamento bibliográfico; o fichamento de resumo ou conteúdo; e o fichamento de citações.

4.1 Fichamento Bibliográfico

O fichamento bibliográfico é a descrição, com comentários dos tópicos abordados em uma obra ou parte dela. É basicamente uma coleção de fichas contendo informações de livros, artigos e outros materiais, com suas respectivas anotações, que possam servir ou já constituam referências a uma monografia, dissertação ou tese.

Nesse sentido, Antônio Joaquim Severino estabelece que: “O fichamento de documentação bibliográfica constitui um acerto de informações sobre livros, artigos e demais trabalhos que existem sobre determinados assuntos, dentro de uma área do saber”. (13)

Por viés outro, Humberto Eco disserta sobre todos os detalhes a serem considerados na formação deste arquivo, indo desde a primeira pesquisa exploratória em uma biblioteca até o detalhamento de informações de registro para consultas posteriores. (14)

O tema entabulado também é tratado por Ângelo Domingos Salvador, segundo qual, a ficha bibliográfica, de obra inteira ou parte dela, pode referir-se a alguns ou a todos os seguintes aspectos: a) o campo do saber que é abordado; b) os problemas significativos tratados; c) as conclusões alcançadas; d) as contribuições especiais em relação ao assunto do trabalho; e e) as fontes dos dados. (15)

Portanto, o fichamento bibliográfico consiste em resenha ou comentário que dê idéia do que trata a obra, sempre com indicação completa da fonte. Pode ser feito também a respeito de artigos ou capítulos isolados, representando um importante auxílio na produção de textos técnico-científicos. Segue abaixo modelo que permite melhor visualização.

TABELA

4.2 Fichamento de Resumo ou Conteúdo

Segundo Eva Maria Lakatos e Marina de Andrade Marconi, no fichamento de resumo ou conteúdo apresenta-se uma síntese bem clara e concisa das ideias principais contidas no texto ou obra. Ou seja, o autor do fichamento elabora com suas próprias palavras a interpretação do que foi lido. (16)

Corrobora coerentemente essa conceituação, a doutrina de João Bosco Medeiros, para quem o resumo é um tipo de redação informativo-referencial que se ocupa de reduzir um texto a suas ideias principais, devendo-se evitar fazer comentários pessoais. Engloba duas fases: a compreensão do texto e a elaboração de um novo, isto é, do resumo. (17)

Como características do fichamento de resumo ou conteúdo, podemos citar as constantes na obra de Eva Maria Lakatos e Marina de Andrade Marconi, quais sejam:

a) não é um sumário ou índice das partes componentes da obra, mas exposição abreviada das ideias do autor;

b) não é transcrição, como na ficha de citações, mas é elaborada pelo leitor, com suas próprias palavras, sendo mais uma interpretação do autor;

c) não é longa, apresentam-se mais informações do que a ficha bibliográfica, que, por sua vez, é menos extensa do que a do esboço;

d) não precisa obedecer estritamente à estrutura da obra, lendo a obra, o estudioso vai fazendo anotações dos pontos principais. Ao final, redige um resumo, contendo a essência do texto. (18)

Em suma, o fichamento de resumo ou conteúdo é uma síntese das ideias principais existentes no texto ou livro, escritas com as próprias palavras do leitor. Segue abaixo modelo que permite melhor visualização.

TABELA

4.3 Fichamento de Citação

O fichamento de citação é a transcrição textual, ou seja, é a reprodução fiel das frases que se pretende usar na produção do texto técnico-científico. Deve-se ter os seguintes cuidados:

a) toda citação tem de vir entre aspas. É através deste sinal que se distingue uma ficha de citações das de outro tipo. Além disso, a colocação das aspas evita que, mais tarde, ao utilizar a ficha, se transcreva como do autor das fichas, os pensamentos nela contidos;

b) após a citação, deve constar o número da página de onde foi extraída. Isso permitirá a posterior utilização no trabalho com a correta indicação bibliográfica;

c) a transcrição tem de ser textual. Isso inclui os erros de grafia, se houver. Após eles, coloca-se o termo sic, minúscula e entre colchetes.

d) a supressão de uma ou mais palavras deve ser indicada, utilizando-se local da omissão, três pontos, precedidos e seguidos por espaços, no início ou final do texto e entre parênteses, no meio;

e) a frase deve ser completada, se necessário, quando se extrair uma parte ou parágrafo de um texto, este pode perder seu significado, necessitando de um esclarecimento, o qual deve ser intercalado, entre colchetes.

f) quando o pensamento transcrito é de outro autor, tal fato tem de ser assinalado. Muitas vezes o autor fichado cita frases ou parágrafos escritos por outra pessoa. Nesse caso, é imprescindível indicar, entre parênteses, a referência bibliográfica da obra da qual foi extraída a citação.

Além disso, segundo João Bosco Medeiros, a transcrição direta de até três linhas deve ser contida entre aspas duplas. Quanto às citações diretas com mais de três linhas devem ser destacadas com recuo de 4 cm da margem esquerda, com letra menor que o do texto utilizado e sem aspas. (19)

Por fim, quanto aos tipos de citação, temos três: 1. citação direta – na citação direta utiliza-se literalmente as próprias palavras do autor; 2. citação indireta – na citação indireta se reproduz ideias do autor com as próprias palavras. Ou seja, pega-se a ideia do autor e a expressa com palavras próprias; e 3. citação de citação – na citação de citação é realizada a menção de um documento ao qual não se teve acesso, mas que se conheceu através de outro autor.

Portanto, conforme ABNT (20), a citação é a menção de uma informação extraída de outra fonte. Poder ser uma citação direta, citação indireta ou citação de citação. Segue abaixo modelo de citação direta que permite melhor visualização.

TABELA

5 Resumo

João Bosco Medeiros define resumo como sendo uma apresentação sintética e seletiva das ideias de um texto, ressaltando a processão e a articulação delas. (21) Já a ABTN (22) conceitua resumo como apresentação concisa dos pontos relevantes de um documento.

A produção de resumos é de crucial importância na confecção de textos técnico-científicos, uma vez que é através desse tipo de atividade de produção de um novo texto a partir de um ou mais textos-base pelo qual, o leitor, além de registrar a leitura, manifesta sua compreensão de conceitos e do fazer-científico da área de conhecimento em que atua.

Assim, da mesma forma que os fichamentos são importantes para os pesquisadores, pode-se dizer com relação aos resumos. Instrumentos estes, através dos quais se pode selecionar obras que mereçam a leitura do texto completo. Entretanto, os resumos só são válidos quando contiverem, de forma sintética e clara, tanto a natureza da pesquisa realizada quanto os resultados e as conclusões mais importantes, em ambos os casos destacando-se o valor dos achados ou de sua originalidade.

Para Eva Maria Lakatos e Marina de Andrade Marconi, o resumo é a apresentação de uma síntese bem clara e concisa das idéias principais da obra ou texto. Tem como características: não ser um sumário ou índice das partes que compõem a obra, mas sim a exposição abreviada das idéias; não é transcrição como na fichamento de citação, ou seja, o resumo deve ser realizado com as próprias palavras do leitor; não deve ser extensa, como dito deve apresentar as idéias principais; e não precisa obedecer estritamente à estrutura da obra, afinal, a redação do resumo deve conter o essencial do texto. (23)

Ainda com respeito ao assunto debatido, Eva Maria Lakatos e Marina de Andrade Marconi aduzem que dependendo do caráter do trabalho científico que se pretende realizar, o resumo pode ser: indicativo ou descritivo; informativo ou analítico; ou crítico. (24)

O resumo indicativo ou descritivo acontece quando se faz referência às partes mais importantes, componentes do texto. Utiliza frases curtas, cada uma correspondendo a um elemento importante da obra. Não é simples enumeração do sumário ou índice do trabalho. Não dispensa a leitura do texto completo, pois apenas descreve sua natureza, forma e propósito.

Por outro lado, o resumo informativo ou analítico contém todas as informações principais apresentadas no texto e permite dispensar a leitura desse último; portanto, é mais amplo do que o indicativo ou descritivo. Tem a finalidade de informar o conteúdo e as principais ideias do autor, salientando: os objetivos e o assunto; os métodos e as técnicas; e os resultados e as conclusões.

Sendo uma apresentação condensada do texto, esse tipo de resumo não deve conter comentários pessoais ou julgamentos de valor, da mesma maneira que não deve formular críticas. Deve ser seletivo e não mera repetição sintetizada de todas as idéias do autor. Utilizam-se de preferência, as próprias palavras de quem fez o resumo; quando cita as do autor, apresenta-as entre aspas. Não sendo uma enumeração de tópicos, o resumo informativo ou analítico deve ser composto de uma sequência corrente de frases concisas. Ao final do resumo, indicam-se as palavras-chaves do texto. Da mesma forma que na redação de fichas, procura-se evitar expressões tais como: o autor disse, o autor falou, segundo o autor, a seguir, este livro e outras do gênero, ou seja, todas as palavras supérfluas. Deve-se dar preferência à forma impessoal.

Por fim, o resumo crítico acontece quando se formula um julgamento sobre o trabalho. É a crítica da forma, no que se refere aos aspectos metodológicos; do conteúdo; do desenvolvimento da lógica da demonstração; da técnica de apresentação das ideias principais. No resumo crítico não pode haver citações.

Em suma, o hábito de fazer resumos é uma ótima técnica de estudo de grande utilidade para que o leitor compreenda o texto lido, possibilitando a memorização e posterior revisão. Percebe-se, então, que o resumo de texto é uma síntese das ideias principais, isto é, o extrato fiel das ideias do autor.

6 Resenha

A técnica de resenha é a descrição minuciosa de uma obra, que além do resumo, sempre vem acompanhada de uma posição crítica por parte do leitor. A resenha exige do leitor capacidade de síntese, objetividade, relativa maturidade intelectual, domínio do assunto tratado na obra e, como em todo texto dissertativo, argumentação eficientemente.

Nesse sentido é a doutrina de João Bosco Medeiros, dispondo que resenha é um relato minucioso das propriedades de um objeto, ou de suas partes constitutivas. Para este, resenha é um tipo de redação técnica que inclui variadas modalidades de textos: descrição, narração e dissertação. (25)

Sob esse prisma, a resenha é um texto em forma de síntese que expressa a opinião pessoal do autor sobre determinado texto ou obra. O resenhista deve ir direto ao tema principal, fazendo discrições com momentos de crítica direta. A resenha tem por objetivo guiar o leitor pelo emaranhado de produções científicas que cresce dia-dia.

O resenhista deve resumir o assunto e apontar as falhas e os erros de informação encontrados, sem entrar em muitos pormenores e, ao mesmo tempo, tecer elogios aos méritos da obra, desde que sinceros e ponderados.

A estrutura da resenha é formada pela: a) referência bibliográfica completa, segundo normas da ABNT; b) credenciais do autor; c) conclusões do autor; d) digesto ou conhecimento; e) metodologia do autor; f) quadro de referência do autor; g) crítica do resenhista; h) indicações do resenhista.

Além disso, a resenha apresenta algumas divisões, a mais conhecida é a divisão acadêmica, a qual apresenta moldes bastante rígidos, responsáveis pela padronização dos textos técnico-científicos. Divide-se em resenha crítica, resenha descritiva e resenha temática.

Para João Bosco Medeiros, na resenha acadêmica crítica, além dos elementos descritivos e narrativos, deve haver os dissertativos, a defesa de um ponto de vista, a apresentação de argumentos e provas. Espera-se, por parte do leitor, um posicionamento do resenhista. Outrossim, o citado autor estabelece que a resenha crítica deve conter: referências bibliográficas; credenciais do autor; resumo da obra (digesto); conclusões do autor (se forem mencionadas); metodologia aplicada pelo autor; quadro de referências do autor; crítica do resenhista (apreciação) e; indicações do resenhista. (26)

A resenha acadêmica descritiva para Fiorin e Platão, apudJoão Bosco Medeiros, significa fazer uma relação das propriedades de um objeto, enumerar cuidadosamente seus aspectos relevantes, descrever as circunstâncias que o envolvem. Assim, a resenha descritiva apenas descreve, não expõe a opinião o resenhista. (27)

Para João Bosco Medeiros a estrutura da resenha descritiva de um texto deve conter os seguintes dados: nome do autor (ou dos autores); título e subtítulo da obra (livro, artigo de um periódico); se tradução, nome do tradutor; nome da editora; lugar e data da publicação da obra; número de páginas e volumes; descrição sumária das partes, capítulos, índices; resumo da obra, salientando objeto, objetivo, gênero; tom do texto; métodos utilizados e ponto de vista que defende. (28)

Por fim, na resenha acadêmica temática o resenhista expõe diversos textos ou obras que tenham em comum o tema principal.Segue abaixo os passos para estruturar a resenha acadêmica temática: apresentação do tema; resumo dos textos; citação das fontes e conclusão.

7 Considerações Finais

Em vista dos argumentos apresentados, conclui-se que as técnicas de leitura, fichamento, resumo e resenha são ferramentas de grande importância para facilitar a elaboração de textos técnico-científicos.

Por fim, apesar de não ser um estudo exaustivo, o presente trabalho tem por objetivo passar algumas orientações metodológicas para aqueles que iniciam suas carreiras acadêmicas. Possibilitando-se, assim, a instrumentalização para produção científica nas suas diversas modalidades, de forma originária, para que não seja simples reprodução do saber já posto.

8 Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. Referências – Elaboração. NBR 6023. ago. 2002.

______. Resumo – Apresentação. NBR 6028. nov. 2003.

______. Citações em documentos – Apresentação. NBR 10520. ago. 2002.

______. Trabalhos acadêmicos – Apresentação. NBR 14724. jan. 2006.

BRUSCATO, Wilges. Monografia jurídica: manual técnico de elaboração. São Paulo:ed. Juarez de Oliveira, 2002.

COLZANI, Valdir Francisco. Guia para redação do trabalho científico. Curitiba: Juruá, 2001.

ECO, Humberto. Como se faz uma tese. 15. ed. São Paulo: Perspectiva, 1999.

GOIS, Antonio. Produção científica cresce 56% no Brasil. Folha online. Disponível em: . Acessado em: 20 jun. 2009.

HENRIQUES, Antonio; MEDEIROS, João Bosco. Monografia no curso de direito: trabalho de conclusão de curso; metodologia e técnica de pesquisa; da apresentação do assunto à apresentação gráfica. São Paulo: Atlas, 1999.

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia do trabalho científico: procedimentos básicos; pesquisa bibliográfica, projeto e relatório; publicações e trabalhos científicos. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1995.

MACIAS-CHAPULA, C. A. O papel da informetria e da cienciometria e sua perspectiva nacional e internacional. Ciência da informação, v. 27, n. 2, maio/ago 1998.

MEDEIROS, João Bosco. Redação cientifica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2006.

NUNES, Luiz Antonio Rizzatto. Manual da Monografia Jurídica: como se faz uma monografia, uma dissertação, uma tese. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2007.

OLIVEIRA, Olga Maria Boschi Aguiar de. Monografia jurídica: orientações metodológicas para trabalho de conclusão de curso. Porto Alegre: Síntese, 1999.

PASOLD, César Luiz. Prática da pesquisa jurídica: idéias e ferramentas úteis para o pesquisador do direito. 2. ed. Florianópolis: Ed. da OAB/SC, 1999.

SALVADOR, Ângelo Domingos.Métodos e técnicas de : elaboração de trabalhos científicos. Porto Alegre: Sulina, 1980.

SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 22. ed. São Paulo: Cortez, 2003.

SALOMON, Délcio Vieira. Como fazer uma monografia. São Paulo: Martins Fontes, 1996.

Notas:

(1) GOIS, Antonio. Produção científica cresce 56% no Brasil. Folha online. Disponível em: . Acessado em: 20 jun 2009.

(2) WITTER, Geraldina Porto. Produção científica. Campinas, SP: Editora Átomo, 1997, p. 9.

(3) MACIAS-CHAPULA, C. A. O papel da informetria e da cienciometria e sua perspectiva nacional e internacional. Ciência da informação, v. 27, n. 2, maio/ago 1998. p. 136.

(4) LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia do trabalho científico: procedimentos básicos; pesquisa bibliográfica, projeto e relatório; publicações e trabalhos científicos. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1995. p. 15.

(5) MEDEIROS, João Bosco; HENRIQUES, Antonio. Monografia no curso de direito: trabalho de conclusão de curso; metodologia e técnica de pesquisa; da apresentação do assunto à apresentação gráfica. São Paulo: Atlas, 1999. p. 74.

(6) MEDEIROS, João Bosco. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2006. p. 66.

(7) MEDEIROS, João Bosco; HENRIQUES, Antonio. Monografia no curso de direito: trabalho de conclusão de curso; metodologia e técnica de pesquisa; da apresentação do assunto à apresentação gráfica. São Paulo: Atlas, 1999. p. 75-76.

(8) SALOMON, Délcio Vieira. Como fazer uma monografia. São Paulo: Martins Fontes, 1996. p. 39-40.

(9) PASOLD, César Luiz. Prática da pesquisa jurídica: idéias e ferramentas úteis para o pesquisador do direito. 2. ed. Florianópolis: Ed. da OAB/SC, 1999. p. 107.

(10) ECO, Humberto. Como se faz uma tese. 15. ed. São Paulo: Perspectiva, 1999. p. 87-90.

(11) NUNES, Luiz Antonio Rizzatto. Manual da Monografia Jurídica: como se faz uma monografia, uma dissertação, uma tese. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2007. p. 82-96.

(12) PASOLD, César Luiz. Prática da pesquisa jurídica: idéias e ferramentas úteis para o pesquisador do direito. 2. ed. Florianópolis: Ed. da OAB/SC, 1999. p. 107-123.

(13) SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 22. ed. São Paulo: Cortez, 2003. p. 39.

(14) ECO, Humberto. Como se faz uma tese. 15. ed. São Paulo: Perspectiva, 1999. p. 96-111.

(15) SALVADOR, Ângelo Domingos. Métodos e técnicas de pesquisa: elaboração de trabalhos científicos. Porto Alegre: Sulina, 1980. p. 118.

(16) LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia do trabalho científico: procedimentos básicos; pesquisa bibliográfica, projeto e relatório; publicações e trabalhos científicos. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1995. p. 60.

(17) MEDEIROS, João Bosco. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2006. p. 121.

(18) LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia do trabalho científico: procedimentos básicos; pesquisa bibliográfica, projeto e relatório; publicações e trabalhos científicos. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1995. p. 60.

(19) MEDEIROS, João Bosco. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2006. p. 116.

(20)ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. Citações em documentos – Apresentação. NBR 10520. ago. 2002.

(21) MEDEIROS, João Bosco. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2006. p. 137.

(22) ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. Resumo – Apresentação. NBR 6028. nov. 2003.

(23) LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia do trabalho científico: procedimentos básicos; pesquisa bibliográfica, projeto e relatório; publicações e trabalhos científicos. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1995. p. 60.

(24) Ibidem, p. 72.

(25) MEDEIROS, João Bosco. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2006. p. 153.

(26) Idem, p. 162-167.

(27) Ibidem, p. 157.

(28) Ibidem, p. 158.





Texto confeccionado por
(1) Cidinei Bogo Chatt

Atuações e qualificações
(1) Procurador da Fazenda Nacional. Mestrando da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões - URI.

Fonte: http://www.uj.com.br/publicacoes/doutrinas/default.asp?action=doutrina&coddou=7154

sábado, 26 de fevereiro de 2011

O PROJETO DE PESQUISA


Devemos considerar o projeto de pesquisa como um plano de sua pesquisa, de algo que você quer fazer. O projeto possui alguns passos importantes:

1) Formular um tema que tenha um critério de relevância;

2) O projeto tem que ser original. Se nunca foi estudado, é preciso verificar porque o tema tem importância de estudo. Estudar o tema só porque ele nunca foi estudado não é justificativa.

3) O tema não deve ser muito ambicioso. Só no doutorado deve-se ter uma maior ambição. A contribuição da monografia deve ser modesta mas importante. Não se estuda, por exemplo, todo o governo João Goulart, mas fatos que ocorreram nele, como o golpe de 64 ou a revolta dos marinheiros.

4) A pesquisa tem que ser viável, isto é, bibliografia disponível e material que seja viável (computadores, fontes históricas, etc.)

5) É muito importante que você goste do tema de pesquisa. A confecção do projeto de pesquisa obedece uma série de etapas, que serão agora descritas.

1) Introdução (optativa): É onde você desenvolve o tema, dá o panorama, o contexto do tema. Exemplo: se você discute a revolta dos marinheiros, dá o panorama do governo João Goulart. É uma discussão breve.

2) Formulação e justificativa (obrigatório): Ao escrevermos estes três itens, precisamos ser objetivos. O projeto não é necessariamente uma peça literária, mas deve ser escrito com um certo estilo. A formulação pode ser escrita em um parágrafo e deve deixar de forma bem clara o que você quer fazer, dizendo com clareza qual é o tema. A justificativa tem que dar um critério de relevância, originalidade, etc. Aqui você precisa dizer por que a pesquisa é importante. A justificativa é um elemento chave no trabalho. Não há uma regra específica para justificativa, depende muito da natureza de seu trabalho. É necessário que você faça uma problematização de seu tema. Exemplo: a revolta dos marinheiros foi um elemento chave na queda de João Goulart; ou então, como um exército de 600 espanhóis derrota uma civilização asteca de 25 milhões de pessoas? A problematização de seu tema é fundamental para você conseguir uma justificativa.

3) Quadro teórico: O quadro teórico é a teoria que vai embolsar o seu trabalho. Quais teorias, conceitos, autores você utilizará em seu trabalho? Você pode utilizar, por exemplo, autores marxistas para analisar uma revolta sindical, ou semiótica para analisar uma obra literária. Convém você confrontar diferentes pontos de vista de autores sobre um mesmo tema. É necessário que você feche com a opinião de um ou outro autor sobre o tema e diga o porquê disso, isto é, é necessário que você se posicione sobre as opiniões dos autores sobre um mesmo tema, principalmente quando elas são divergentes.

4) Metodologia: A metodologia é o método que você vai utilizar na sua pesquisa. Ao analisarmos um conjunto de observações de uma estrela onde queremos estudar a variação de seu brilho, podemos lançar mão de métodos matemáticos, programáveis em computador, que podem estimar parâmetros que delimitem as características da variação de seu brilho. No caso de história, podemos lançar mão, por exemplo, do artifício da historia oral, isto é, o uso de entrevistas, para estudos em história mais recente.

5) Hipóteses: As hipóteses são o seu guia, são aquilo que você quer provar na sua pesquisa, aquilo que vai apontar o caminho dos estudos. Elas podem ser comprovadas ou não, pois elas são elaboradas antes da formulação da pesquisa em si. Logo, a hipótese pode ser verdadeira ou não. A ligação das hipóteses com o quadro teórico é fundamental. E geralmente deve ser em número de quatro ou cinco, não mais que isso. A hipótese deve ser escrita como uma frase curta e afirmativa, nunca na condicional, jamais na negativa. É necessário fazer uma pesquisa prévia quando se escreve uma hipótese.

6) Objetivos: Os objetivos são classificados de duas formas. A primeira é entendida como objetivos específicos, onde colocamos frases curtas começando com verbos no infinitivo (Exemplo: estudar o expressionismo no Brasil, verificar a produção cultural de Santa Catarina, etc.). Os objetivos específicos devem ser em número de, mais ou menos, oito a dez. O segundo tipo de objetivo é considerado o geral e é apenas um. e deve englobar a característica principal da pesquisa. Como um exemplo, ao se estudar o impressionismo no Brasil, o objetivo geral é o de entender como uma manifestação artística européia surge no Brasil. Atenção: os objetivos devem ser diferenciados das hipóteses.

7) Bibliografia: É o aparato bibliográfico que você utilizará em seu trabalho. Obras teóricas, práticas, etc.

8) Cronograma: Ao você concluir o projeto de pesquisa, você precisa dizer em quanto tempo você vai produzi-lo. Assim, é necessário que você confeccione um cronograma onde aparecerão as etapas do seu projeto de pesquisa. O cronograma é um quadro onde você coloca de um lado os anos (e meses) e, de outro, as etapas do projeto.




© Copyright 2003-2005 - Todos os direitos reservados - Estudo Pronto.Com

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

REFLETINDO FILOSOFICAMENTE SOBRE A CIÊNCIA


A ciência tem um grande prestígio no mundo de hoje. As grandes empresas principalmente as grandes multinacionais têm o seu laboratório próprio para desenvolver as suas pesquisas.

No capitalismo de hoje a ciência já é reconhecida como um força de produção, como elemento importante da acumulação e ampliação do capital. Está na base de toda esta tecnologia avançada do nosso mundo de hoje.

Por isso, a filosofia que não tem um objeto próprio, ou seja, tudo pode ser objeto da filosofia, mas que tem um modo de analisar, de investigar específico, não poderia deixar de lançar as suas perguntas sobre a ciência, sobre o conhecimento científico. O que é? Como é? Por que é?

MAS QUAL A IDÉIA QUE TEMOS DO CIENTISTA?

É aquele que, justamente, tem o conhecimento científico que lhe permite revelar a verdade sobre as coisas e por isso pode falar com autoridade e a nós compete aceitar e casualmente obedecer aos seus conselhos.

O cientista chega a se tornar um mito na nossa época. Todos estão atentos às palavras dos cientistas em todos os campos do saber: ouve-se o psicólogo, ouve-se o pedagogo, ouve-se o físico, ouve-se o químico, etc.

Acreditamos que o cientista chega à verdade graças a procedimentos rigorosos que inclui entre outras coisas o método, a observação dos fatos, a experiência.

Oras, tudo isto cai no âmbito do pensar filosófico.

Não é de competência dos cientistas saber o que é a ciência, o que distingue este conhecimento dos outros, o que é o método, o que é a verdade, qual a relação entre os fatos e o sujeito que conhece, o que é a chamada objetividade científica, porque o cientista é um mito. Estes podem até dedicar-se a esta reflexão mas a partir deste momento estão agindo como filósofos e não como cientistas.

VAMOS DAR ALGUNS EXEMPLOS DE QUESTIONAMENTOS FILOSÓFICOS NO ÂMBITO DA CIÊNCIA:

Quanto á objetividade científica: existe realmente a chamada objetividade científica? Qual a relação entre o sujeito que conhece e o objeto a conhecer?
Quanto á observação dos fatos: observo passivamente os fatos ou os vejo de acordo com os meus projetos? Será que não vejo as coisas de na medida em que elas corresponderem a determinado interesse? Os fatos acontecem independentemente de mim ou eu de certa forma crio os fatos?
Quanto aos fatos em si: será que toda teoria científica se apoia em fatos? Se assim é por que há teorias diferentes no campo científico sobre uma mesma realidade? Os fatos falam por si? Será que é verdade que contra fatos não há argumento?
Existe a neutralidade no conhecimento científico ou ele está marcado por relações políticas? Quais os interesses políticos que perpassam pelo conhecimento científico?
Quanto ao fato de o cientista ter virado um mito na nossa época: Isto não é perigoso? Rubem Alves, consciente deste perigo, afirma: "Se existe uma classe especializada em pensar de maneira correta (os cientistas), os outros indivíduos são liberados da obrigação de pensar e podem simplesmente fazer o que os cientistas mandam."(Op. Cit. Pág. 11)
Estes questionamentos filosóficos nos revelam o quanto é importante a reflexão filosófica sobre a ciência pois ela nos ajuda a lutar contra o dogmatismo. E nós sabemos, a aceitação do dogmatismo na história da humanidade sempre colaborou para as guerras, para o ódio entre os homens, para reforçar ideologias perniciosas para a humanidade como o nazismo.

Mas, se há o perigo do dogmatismo por parte da ciência, a reflexão filosófica sobre ela nos ajuda a entender o seu papel positivo no progresso da humanidade.

A ciência nos revela que o homem pode entender e usar racionalmente (isto é, sem destruir) a natureza que o rodeia com o objetivo de maior liberdade humana e maior justiça social.

A ciência revela o homem como criador.

No caso do nosso país. Um maior investimento em pesquisa científica direcionada pelas nossas carências, seria extremamente positivo possibilitando uma elevação do seu desenvolvimento.

Infelizmente isto não acontece. Mais do que nunca estamos subordinados aos resultados da ciência que vem de fora. Esta subordinação está mesclada com a crença na superioridade intelectual dos cientistas estrangeiros. Achamos que eles são melhores do que nós.

Oras, a reflexão que propomos fazer quer revelar que todos nós, inclusive nós brasileiros, podemos ser cientistas capazes. Capazes de descobrir, de desenvolver pesquisas de acordo com a nossa realidade, que façam o Brasil sair rapidamente desta situação de carência social e econômica.



1. O senso comum e o conhecimento científico

Para sabermos o que é ciência, o que é conhecimento científico, precisamos distingui-los do chamado senso comum.

Iniciamos com as perguntas abaixo:

Como duvidar que o sol seja menor do que a Terra se, todo dia, vemos um pequeno círculo de cor vermelha percorrendo o céu?
Como duvidar que a terra seja imóvel se diariamente vemos o sol nascer, percorrer o céu e se pôr?
Cada espécie de animal não surgiu tal como o conhecemos? Como imaginar um peixe tornar-se réptil ou um pássaro? A Bíblia não nos ensina que Deus criou em um único dia todos os animais?


Certezas como esta estão presentes na nossa vida e expressam o que nós chamamos de "senso comum".



Porém a astronomia nos revela que o sol é muitas vezes maior do que a Terra e que é a Terra que se move em torno dele.

Já a biologia nos ensina que as espécies de animais se formaram a partir de modificações de microorganismos extremamente simples e isto ao longo de milhões de anos.

Você, com certeza, já deve ter ouvido alguém dizer: "Dize-me com que andas que eu te direi quem és"; ou: "Mais vale um pássaro na mão do que dois voando".

Esses dois exemplos nos mostram com o senso comum se manifesta através dos ditos populares, das crenças do povo. É um verdadeiro receituário para o homem resolver os seus problemas da vida diária.

É um saber não-sistematizado mas muito útil para guiar o homem na sua vida cotidiana.

É obtido geralmente pelas observações realizadas pelos sentidos. A bela letra desta música abaixo, de Ivan Lins e Vitor Martins, deixa isto claro :



Daquilo que eu sei

Nem tudo me deu clareza

Nem tudo foi permitido

Nem tudo foi concebido



Daquilo que eu sei

Nem tudo foi proibido

Nem tudo me foi possível

Nem tudo me deu certeza



Não fechei os olhos

Não tapei os ouvidos

Cheirei, toquei, provei

Ah! Eu usei todos os sentidos

Só não lavei as mãos

E é por isso que eu me sinto

Cada vez mais limpo...



(Ivan Lins e Vitor Martins. In: Lins, Ivan. Daquilo que eu sei. Rio de Janeiro: Polygram/Philips,1981)



Há, pois, uma grande diferença entre nossas certezas cotidianas e o conhecimento científico.

Diríamos que o senso comum não se caracteriza pela investigação, pelo questionamento, ao contrário da ciência. Fica no imediato das coisas, caracteriza-se pela subjetividade. É ditado pelas circunstâncias. É subjetivo, isto é, permeado pelas opiniões, emoções e valores de quem o produz: "Quem ama o fio, bonito lhe parece" e "Nossa amiga que rouba é cleptomaníaca; o trombadinha é ladrão e marginal!"

JÁ O CONHECIMENTO CIENTÍFICO:

desconfia de nossas certezas, de nossa adesão imediata às coisas, da ausência de crítica.
Onde o senso comum vê muitas vezes fatos e acontecimentos, o conhecimento científico vê problemas e obstáculos.
Ele busca leis gerais para os fenômenos Ex.: a queda dos corpos é explicada pela lei da gravidade. Não acredita em milagres mas acredita na regularidade, constância, freqüência dos fenômenos.
É generalizador, pois reúne individualidades sob as mesmas leis, sob as mesmas medidas. Ex.: a química nos revela que a enorme variedade de corpos se reduz a um número limitado de corpos simples que se combinam de modos variados.
Aspira à objetividade enquanto o senso comum se caracteriza pela subjetividade.
Dispõe de uma linguagem rigorosa cujos conceitos são definidos de modo a evitar qualquer ambigüidade.
É quantitativo: busca medidas, padrões, critérios de comparação e de avaliação para coisas que parecem ser diferentes. Por isto, a matemática se constitui em instrumento importante de várias ciências.
Tem método rigoroso para a observação , experimentação e verificação dos fatos.
Diferentemente do Senso Comum que muitas vezes é marcado pelo sentimento, o conhecimento científico se pretende racional.
Mas apesar destas diferenças é uma verdade que no senso comum há elementos do conhecimento científico.



Vamos dar alguns exemplos:

1. Você está guiando um automóvel e de repente ele para.



Não há possibilidade de chamar o mecânico ou outra pessoa para lhe ajudar. O que você fará?
Descreva o seu raciocínio em uma folha de papel.


2. Evans-Pritchard, um antropólogo, estudou profundamente a crença de um grupo africano na feitiçaria. Assim ele descreve uma situação do cotidiano deste grupo:



"A princípio achei estranho viver entre os Azande e ouvir suas ingênuas explicações de infortúnios que, para nós, têm causas evidentes. Depois de certo tempo aprendi a lógica do seu pensamento e passei a aplicar noções de feitiçaria de forma tão espontânea quanto eles mesmos, nas situações em que o conceito era relevante. Um menino bateu o pé num pequeno toco de madeira que estava no seu caminho – coisa que acontece freqüentemente na África – e a ferida doía e incomodava. O corte era no dedão e era impossível mantê-lo limpo. Inflamou. Ele afirmou que bateu o dedo no toco por causa da feitiçaria. Como era meu hábito argumentar com os Azande e criticar suas declarações, foi o que fiz. Disse ao garoto que ele batera o pé no toco de madeira porque ele havia sido descuidado, e que o toco não havia sido colocado no caminho por feitiçaria, pois ele ali crescera naturalmente. Ele concordou que a feitiçaria não era responsável pelo fato de o toco estar no seu caminho, mas acrescentou que ele tinha os seus olhos bem abertos para evitar tocos – como, na verdade, os Azande fazem cuidadosamente – e que se ele não tivesse sido enfeitiçado ele teria visto o toco. Como argumento final para comprovar o seu ponto de vista ele acrescentou que cortes não demoram dias e dias para cicatrizar, mas que, ao contrário, cicatrizam rapidamente, pois esta é a natureza dos cortes. Por que, então, sua ferida havia inflamado e permanecido aberta, se não houvesse feitiçaria atrás dela?" (E. Evans Pritchard. Witchcraft, Oracles and Magic among the Azande. P. 64-67 – citado por Alves, Rubem. In: Filosofia da Ciência – Introdução ao Jogo e suas Regras, pág. 17)



Qual a sua avaliação sobre este relato?


Coloco à sua frente várias peças de um quebra-cabeças, vamos supor que sejam mais de 1000 peças. Você terá que armá-lo. Não lhe é dado o modelo.


Como você realizaria esta tarefa?


BIBLIOGRAFIA



ALVES, RUBEM. Filosofia da Ciência - Introdução ao jogo e suas regras. Editora Brasiliense. 1981. São Paulo
CHAUÍ, MARILENA. Convite á Filosofia. Editora Ática. 1994. São Paulo
LUCKESI, CIPRIANO CARLOS e PASSOS, ELIZETE SILVA. Introdução à Filosofia - aprendendo a pensar. Cortez Editora. 2ª Edição. 1996. São Paulo
FOUREZ, GÉRARD. A construção das ciências - introdução à filosofia e à Ética das Ciências. Editora Unesp. 1995. São Paulo
SÁTIRO, ANGÉLICA e WUENSCH, ANA MIRIAM. Pensando melhor – Iniciação ao filosofar. Editora Saraiva. 1997. São Paulo

Fonte: http://www.cefetsp.br/edu/eso/filosofia/sensociencia1.html em 25/02/2011

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Tecnologia a serviço da educação


É preciso saber usar os computadores a favor do aprendizado

O computador tem se tornado cada vez mais comum nas escolas públicas brasileiras, Até 2010, 93% das intuições de ensino vão contar com essa tecnologia, prevê o Ministério da Educação (MEC). Entretanto, apenas ter as máquinas nas escolas não representa ganho para o aprendizado dos alunos. Para o professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Antonio Carlos Xavier, “o computador em si é apenas uma ferramenta sem qualquer compromisso educacional. O educador é quem deve visualizar todo o potencial pedagógico latente dessa tecnologia e usá-la a seu favor”. Segundo ele, para muitos professores, o computador ainda é “uma caixa preta, uma máquina inatingível e até mesmo um concorrente”, o que cria barreiras para o uso adequado desse recurso em muitas salas de aula.

Antonio Carlos Xavier considera ainda que a sociedade está vivendo o século da informação e não se pode mais ignorar que as tecnologias digitais permeiam irreversivelmente a vida social, econômica e educacional das pessoas. Nessa perspectiva, a escola teria papel fundamental no ingresso dos alunos na chamada “Era Digital”. Ele alerta, porém, que, “de nada adianta inaugurar laboratórios de informática de última geração, se os professores mal sabem digitar um texto no Word”. Daí a importância de cursos de formação que orientem os docentes, apresentando-lhes as melhores maneiras de se usar a tecnologia no cotidiano escolar. “É necessário que alguém incentive esse fazer, ‘pegue na mão’ do professor e conduza-o, passo a passo, de modo a fazê-lo acreditar no quanto o computador pode ser um poderoso aliado no processo de aprendizagem do próprio mestre e, por consequência, de seus alunos.”

Desde 1997, o MEC desenvolve o Programa Nacional de Tecnologia Educacional (Proinfo), com o objetivo de promover o uso pedagógico das tecnologias da informação e comunicação na rede pública de educação básica. De acordo com o diretor de infra-estrutura em Tecnologia Educacional da Secretaria de Educação a Distância do MEC, José Guilherme Moreira, além da distribuição de computadores para as escolas, o Proinfo também promove cursos de capacitação. “Atualmente, 328 mil professores e gestores estão sendo capacitados para o uso das tecnologias de comunicação e de informação nas escolas,” afirma.

Na escola

Os professores precisam estar atentos ao tipo de atividade que irão desenvolver com seus alunos. As tarefas propostas devem ser interessantes de modo que, além de atraírem a atenção dos estudantes, abordem assuntos importantes para sua formação. “Não basta levar os alunos para um laboratório de informática e pedir para que digitem uma redação no Word ou deixá-los pesquisar um tema na internet sem supervisão”, adverte Antônio Carlos Xavier. Outro ponto importante é deixar claro que as aulas com computadores não representam apenas diversão. Para tanto, é fundamental que as tarefas tenham objetivos definidos e que os resultados sejam cobrados.

Atento a essas questões, o professor de informática, Roberto Corrêa, do Colégio Neusa Rocha, em Belo Horizonte (MG), planeja suas aulas em conjunto com docentes de outras disciplinas. Além dessas aulas conjugadas, Roberto Corrêa faz uso de softwares educativos. Em um desses programas, o estudante cria uma cidade virtual e é o responsável pelo saneamento básico, construção de ruas e avenidas, criação de leis e geração de empregos, conta o professor. Para ele, “esse tipo de atividade permite que o aluno adquira habilidades em diversos campos do conhecimento, como geografia e matemática”.

Outro exemplo interessante de uso da tecnologia em sala de aula é o trabalho realizado pela professora Silvia Terezinha Rocha, que dá aulas de matemática e ciências também no Colégio Neusa Rocha. Todos os anos, ela realiza uma feira de cultura, sempre em parceria com o professor de informática. Ano passado o tema do projeto foi receitas culinárias de diversos países do mundo. Silvia conta que os alunos pesquisaram as características das nações e as comidas típicas de cada lugar. O resultado desse trabalho foi um livro de receitas entregue para as famílias dos estudantes. De acordo com a professora, o segredo para o sucesso do trabalho é não perder de vista os resultados: “é preciso que o aluno apresente as conclusões em forma de relatório, avaliação ou apresentação para a turma”.


Copiar e colar

Muitos professores afirmam que não utilizam o computador nas aulas porque os alunos ficam dispersos ou se valem da famosa prática do “copia e cola”. Para Antonio Carlos Xavier, a prática do plágio é anterior ao advento do computador, a nova tecnologia apenas facilitou esse processo. Ele afirma que “cabe ao professor propor atividades que evitem isso”. O docente precisa sugerir tarefas que levem os estudantes a consultar diferentes fontes de informação, inclusive a internet, mas que resultem numa síntese produzida pelo aluno e avaliada pelo professor.

É importante também ensinar aos estudantes que, além de ser um crime, a cópia é um atalho que não vale a pena, pois não há investimento intelectual e, consequentemente, os conteúdos não são aprendidos. “É preciso mostrar-lhes como é gratificante contemplar o produto do próprio esforço materializado diante dos seus olhos.” Mas, caso haja dúvida se o trabalho é mesmo de autoria do aluno, o docente, antes de avaliar, pode colocar um trecho do texto em um site de busca na internet.


Autor: Aline Diniz
Fonte: http://www.ceale.fae.ufmg.br/noticias_ler_materia.php?txtId=574