Novo episódio do Podcast Papo Filosófico

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

A CONSTRUÇÃO DO ETHOS RELIGIOSO EM BLOGS: UM OLHAR DISCURSIVO.














4º Simpósio Hipertexto – UFPE

Comunicação Individual – Artigo: A CONSTRUÇÃO DO ETHOS RELIGIOSO EM BLOGS: UM OLHAR DISCURSIVO.
RESUMO:
Como todas as manifestações da criação ideológica banham-se no discurso e não podem ser nem totalmente isoladas nem totalmente separada dele (BAKHTIN, 2010), acreditamos que os elementos linguísticos são pistas discursivas que textualizam ideologias subjacentes a sua formação. Com o discurso religioso não é diferente. Entendemos que o campo religioso utiliza os espaços midiáticos como instância de realizações da atualização da questão da fé, ou seja, as instituições religiosas percebem os meios de comunicação não somente como instrumentos, mas organizam-se a partir dos recursos estruturais dos gêneros do discurso, sociointeragindo para apropriar-se dos meios que legitimem suas ideologias. Partindo dessas considerações este artigo busca trazer algumas reflexões acerca do ethos religiosos propagado na internet através de blogs: católicos, evangélicos e espíritas; procurando observar e analisar como os enunciadores desse tipo de discurso persuadem, seduzem e atraem seus interlocutores. Para tanto, foram utilizados como embasamento teórico os pressupostos de Bakhtin (2011), no que diz respeito aos gêneros do discurso; de Bazerman (2007; 2009; 2011) no que se refere aos gêneros textuais; e de Maingueneau (2008a; 2008b; 2008c; 2008d; 2010; 2011) sobre a constituição do ethos discursivo.
PALAVRAS-CHAVES: Discurso. Ethos. Blogs.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Saussure, Benveniste, Bakhtin













O objeto de estudo da linguística é a língua. Estes três estudiosos nos apresentam pontos vista distintos a este respeito.
Para Saussure a língua é um sistema de signos que exprime ideias, um conjunto de convenções necessárias adotadas pelo social para permitir o exercício desta faculdade pelos sujeitos. Ela é percebida como um produto acabado, depositado na mente do indivíduo para que viva em sociedade. Este estudioso é representante na filosofia da linguagem do Objetivismo Abstrato, que vê como centro orientador da língua o sistema linguístico, ou seja, o sistema de formas fonéticas, gramaticais, lexicais da língua. Língua, neste sentido, está fora do curso da comunicação verbal.
Bakhtin vai além desta visão, quando percebe a língua como um conjunto de vozes sociais, que se entrecruzam num processo contínuo, onde se formam novas vozes. Os indivíduos não recebem a língua pronta para ser usada. “O centro organizador de toda comunicação, de toda expressão, não é o interior, mas o exterior: está situado no meio social que envolve o indivíduo”. É no social que se constroem os significados e a língua é atualizada. Bakhtin critica então, a posição filosófica da linguagem do Objetivismo Abstrato, por não considerar a enunciação monológica, por não considerá-la um produto acabado. Segundo ele, a língua, embora tenha uma relativa estabilidade, ela evolui, se atualiza juntamente com o contexto sócio-histórico. Ele critica também o Subjetivismo Idealista, porque não entende a fala como uma criação individual, que surge a partir de condições da vida psíquica do indivíduo. Entende que a palavra possui sempre um conteúdo/um sentido ideológico ou vivencial.
Para Benveniste, a língua é uma estrutura da qual o sujeito se apropria para se enunciar diante do outro. Sua concepção é de movimento, onde leva em conta o tempo e a intenção atualizada. Para ele língua inexiste sem troca ou expressão de pessoa. Em sua estrutura há a possibilidade de surgir à subjetividade, na relação eu/tu constituída.
De acordo com o contexto sócio-histórico, com interesses, valores, necessidades envolvidas sejam individuais ou grupais, quando a palavra é proferida, através de signos carregados de significados próprios, ela é compreendida em sua intenção no contexto de onde ela emergiu. Caso contrário ela não será interpretada de acordo com sua intenção. A fala, segundo Bakhtin, é sempre de natureza social, enquanto que para Saussure ela é um ato individual, de inteligência e de manifestação momentânea. Para este a palavra é valorizada na sua unicidade, no seu significado em si. Bakhtin, no entanto, entende a palavra como uma ponte, uma ligação entre o locutor e o ausente, carregada de conteúdo, sentido, valoração arbitrária. Ela se apoia no “eu” e no “outro” de maneira responsiva.
A enunciação, que se utiliza da fala, é rejeitada por Saussure, porque considera que apenas o sistema linguístico pode dar conta da língua. Bakhtin, entretanto a considera como um produto da interação social, onde o seu significado nunca coincide com o conteúdo verbal. As palavras ditas, muitas vezes estão impregnadas de coisas presumidas e não ditas, seja pela entonação, pelo silêncio entre elas, pela linguagem corporal. Muitas vezes o próprio contexto tem mais sentido do que a palavra.
Enunciação, de acordo com Benveniste, é única em seu ato. De acordo com o tempo (físico, crônico e linguístico), com a intenção, ela é atualizada. Seu ponto de referência é o sujeito, apesar de ser estruturalista, utilizando pronomes, verbos e o tempo, principalmente, para explicar a enunciação e o discurso na (inter) subjetividade. Para compreendermos melhor sua teoria é importante conhecer a divisão de tempo por ele feita. Tempo físico: visto como um contínuo linear, infinito, onde o sujeito mede-o de acordo com as suas emoções, com o ritmo de sua vida interior – é uma visão subjetiva de tempo; tempo crônico: é o tempo dos acontecimentos, que mede a vida pelos eventos, pelo calendário. Ele considera a vida uma sequência de acontecimentos - é uma visão objetiva de tempo; tempo linguístico: está ligado organicamente através do exercício da fala. Ele se define e se organiza em função do discurso, onde o presente é reinventado a cada ato individual – remete a uma subjetividade.
Na interação entre indivíduos são feitas enunciações que fazem parte de um diálogo. Esta relação dialógica para Bakhtin necessita da palavra (como material lingüístico) que no discurso transforma-se em enunciado, com sentido (considerando o contexto sócio-histórico). Só assim será possível ao indivíduo responder, confirmar, opor, rejeitar, confrontar a palavra do outro.
Para Benveniste só no discurso o pronome é carregado de significado, caso contrário ele é considerado uma forma vazia apenas (um dêitico). No discurso o “eu” fala com o “tu”. Há uma mudança de estado de acordo com a posição emissor-receptor: “quem fala para quem”? É também referida uma terceira pessoa no discurso através da língua: o “ele”, que pode ser outra pessoa (presente ou não), um livro comentado, uma questão política, uma representação de algo, etc. Na constituição de um discurso, composto de enunciados, a classe de palavras utilizadas é que marca a presença do sujeito que a utiliza – sua subjetividade. Ex: “Suponho que todos tenham descansado neste feriado”. “Ele conseguiu provocar minha curiosidade”.
O sujeito, envolvido nas interações e suas relações dialógicas, não é referido por Saussure, pelo fato de que ele estuda a língua em sua estrutura formal apenas. Ele inclui o social apenas do ponto de vista da convenção das regras do sistema linguístico.
Benveniste surge nesta época reintroduzindo o sujeito na linguagem, através de uma abordagem enunciativa. O sujeito (eu) é aquele que se coloca em relação ao outro (tu) de modo instintivo, natural nas suas interações, através da linguagem em todos os discursos. O “eu” como pronome, é designado a produzir em cada discurso uma nova pessoa. A subjetividade para Benveniste tem grande importância em seus estudos. Leva em conta a capacidade do locutor se propor como sujeito na e pela linguagem. Se a identidade do sujeito se constrói na relação com o Outro então, subjetividade remete a (inter) subjetividade. “Torno-me o que sou na medida em que me comunico, em que interajo com o Outro”. O “eu” influencia e é influencia pelo Outro (tu) de maneira contínua, onde ambos são sujeitos.
Bakhtin também inclui o sujeito em seus estudos. Para ele língua é interação e o sujeito é produzido pela sociedade através das interações que realiza durante toda sua vida. Nestas interações signos precisam ser interpretados, decodificados. Pelo fato de serem ideológicos, eles são fluidos, permitem a expressão de ideias, cruzam sentidos, são plurais. São “verdades” sociais que vão se resignificando de acordo com o contexto e seus discursos, requerendo para tal uma compreensão responsiva. O significado é então, construído na dinâmica da história e marcado pela diversidade de vivências, contradições, componentes de valoração, etc. E a significação não é dada pelo signo em si, mas pela reprodução, estabilização, pela potencialidade que a palavra apresenta em determinado contexto sócio-histórico.

Fonte: http://educandoatravesdalinguagem.blogspot.com.br/2011/06/saussure-benveniste-bakhtin.html

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Gerativismo Chomskyniano



Noam Avram Chomsky nasceu na Filadélfia, Pensilvânia em 7 de Dezembro de 1928. Começou a estudar cedo no Oak Lane Country Day School e no Central High School. Continuou seus estudos na Universidade da Pensilvânia onde estudou lingüística, matemática, e filosofia. Em 1955, tornou-se Ph. D. na Universidade da Pensilvânia, entretanto, a maioria das suas pesquisas que o levou a este grau foi feita na Universidade de Harvard entre 1951 e 1955. Após receber a sua graduação, Chomsky passou a lecionar no Massachusetts Instituto of Technology, e conquistou a Ferrari P. Ward Chair of Modern Language and Linguistics.
Esta resenha tem por finalidade a reflexão critica sobre a Lingüística Gerativa (Gerativismo e/ou Gramática Gerativa), desenvolvida por Noam Chomsky. O autor supracitado começou os estudos da ciência da linguagem no prisma da teoria inatista da linguagem, no qual o autor desenvolveu os estudos dividindo-os sob vários aspectos, a Hipótese gerativo-transformacional, cognitivismo construtivista e a gramática universal.
Ao levanta a hipótese gerativo-transformacional, Chomsky defende que o ser humano traz consigo uma gramática própria, isto é, vem com o individuo e ganha forma a partir do seu desenvolvimento. Chomsky observa que a fala de um adulto serve como base para uma criança, pois esta começa assimilar dando estrutura, para conceituação e criação (criativa) das suas próprias regras. Dessa forma quando a criança internaliza os moldes (fala) da mãe, por exemplo, isso não significa que houve imitação, todavia  a internalização serviu como modelo de regras para aquisição da sua própria linguagem.
Chomsky defende que a criança tem um dispositivo de aprendizagem no qual ele dá o nome de DAL (Dispositivo de Aquisição da Linguagem) que é ativado e processa-se a partir de sentenças, que resulta o IMPUT, a fala da criança esta exposta ao meio social que a mesma é inserida, por sua vez a criança em contato com a língua seleciona as regras que funcionarão para a mesma, e desativará as que não venham  a funcionar. Com essa proposta a criança tem uma gramática universal, inata e que contém as regras de todas as línguas.
Os princípios e parâmetros mudam a concepção de uma gramática universal, devido à gramática universal ser formada por princípios “leis/regras” invariáveis, e que são aplicadas do mesmo modo para todas as línguas. Dessa forma os parâmetros ou “leis”, se valem dos valores da língua podendo prevalecer ou  variar dentro da própria língua, dependendo da opção da criança dentro do IMPUT (obedecendo ao valor que o parâmetro possa ter).
 Percebe-se que o ponto relativo do cognitismo construtivista tem uma contradição explicita ao behaviorismo defendido por Skiner, Skiner defendia que a linguagem era um conjunto de comportamento, Chomsky retruca esta linha de estudo de Skiner, por acreditar que o inatismo vem de uma herança genética, própria do ser humano, pois este nasce com uma gramática e a desenvolve no decorrer do tempo (tanto as crianças como adultos não alfabetizados). Para Chomsky, não havia possibilidade da criança aprender por imitação, como behaviorismo coloca, Chomsky suscita uma reflexão de uma gramática perfeita, e isso para Chomsky é possível para criança, devido a sua criatividade e aprendizado diário e a formulação estrutural das sentenças, frases, para o seu cotidiano. O autor aborda de forma critica a tradição behaviorista, e as bases da concepção social da linguagem. Segundo Chomsky:
Por isso, todos os falantes são criativos, desde os analfabetos até os autores dos clássicos da literatura, já que todos criam infinitamente frases novas, das mais simples e despretensiosas às mais elaboradas e eruditas. Pensemos, por exemplo, na frase que acabamos de produzir aqui mesmo neste texto. É muito provável que ela nunca tenha sido proferida exatamente da maneira como o fizemos, bem como jamais será dita novamente da mesma forma. Chomsky chegou a afirmar, inclusive, que a criatividade é o principal aspecto caracterizador do comportamento lingüístico humano, aquilo que mais fundamentalmente distingue a linguagem humana dos sistemas de comunicação animal. (KENEDY, 2008, p.126)
  Chomsky considera a criatividade como algo que caracteriza a linguagem do homem, saindo do modelo behaviorista uma vez que este modelo (behaviorista), não abre espaço à criatividade da mente humana, ou seja, não acredita no pontecial do homem para produzir, e sim para imitar. O lingüista Bloomfield interpreta o comportamento lingüístico do individuo, como uma resposta previsível, a partir dos estímulos é possível se ter uma resposta, por exemplo, o latir de um cão ao ouvir, o som da campainha, caso tenha sido treinado para este.
  Isto posto, observa-se que Chomsky inova, trazendo uma perspectiva metodológica dos estudos científicos da Lingüística. Com essa ação, percebe-se que a Sintaxe é privilegiada. Conforme Lyons:
 [...] tudo que pode ser descrito esta no limite na forma, o que é equivale a dizer, na perspectiva de Chomsky, tudo que é relevante é de algum modo, Sintaxe (LYONS, 1990, p.219)
 Na verdade, Chomsky propõe uma reformulação em seu modelo, persistindo em defender a Sintaxe como uma ciência autônoma capaz de analisar as suas estruturas desde as simples as profundas levando em conta o enunciado dentro do contexto.
 Portanto, Chomsky, se vale da sua teoria para comprovar que o ser humano tem sua capacidade lingüística, que esta inscrita no seu código genético. Assim a criança necessita de ajuda para o desenvolvimento da gramática especifica que é a sua gramática nativa. O inatismo é uma tendência que acredita na existência da mente e que todo e qualquer aprendizado é inato e não uma simples imitação, como dizem algumas tendências.

Gerativismo: conceitos fundamentais
A teoria do gerativismo começou em 1957 por Noam Chomsky, afirmando que a língua é uma capacidade mental que todos os seres humanos e apenas os seres humanos tem, de forma passiva de ser decomposta, diferentemente da linguagem das abelhas (já comentada nesse blog). Essa capacidade só esta em nossa mente e é inata, pois não aprendemos ao decorrer de nossas experiências, mas sim, já nascemos com ela.
A seguir veremos alguns conceitos do gerativismo.
Infinitude discreta
A linguagem é parte da biologia, se aprendêssemos a língua através do jogo da repetição, só seriamos capazes, então de dizer o ouvimos, mas quando falamos demonstramos saber muito mais do que apenas ouvimos, produzindo um número infinito de expressões diante de um número finito de elementos da língua.
Comportamentalismo e Cognitivismo
O psicólogo Skinner acreditava que a linguagem humana poderia ser explicada de dentro para fora, ou seja, uma criança receberia os estímulos linguísticos do ambiente, e então produziria respostas verbais. Mas Chomsky demonstrou que o s estímulos ambientais são pobres comparados a complexidade do comportamento verbal exibido pelas crianças, ou seja, os estímulos verbais são pobres não na questão de valor, mas na questão de serem pouco estruturados.
Para os comportamentalistas a mente humana era vista como uma caixa vazia, diferentemente do que o cognitivismo propunha.

O problema filosófico de Platão e o problema de Orwell
O problema de Platão era a respeito da pobreza de estímulos, pois questionava como podemos saber tanto, se temos tão poucas evidências. Platão estava analisando a cognição de forma geral.
Já o problema de Orwell era contrário ao de Platão, questionando como podemos saber tão pouco se temos tantas evidências, somos o tempo todo submetidos a informações (estímulos) e acabamos por relacionar apenas alguns desses estímulos.
Mas Chomsky vai dizer que para pensar linguagem o que conta mesmo é o problema de Platão.

Aquisição e aprendizagem da linguagem
Para Chomsky a linguagem é adquirida pela ordem da aquisição e a escrita pela ordem da aprendizagem.
Já nascemos com os princípios da linguagem e conseguimos adquirir uma língua porque esses princípios gerais da linguagem nos ajudam a organizar os estímulos verbais deficientes. Por isso, uma criança exposta a estímulos linguísticos o seu órgão da linguagem opera ativamente sobre esses estímulos produzindo a aquisição de uma língua, pois o processo de aquisição é um processo natural e espontâneo.

Estágios da aquisição
- Estágios dos balbucios (sons produzidos aleatoriamente);
- Em alguns meses, fixam-se os sons falados ao seu redor;
- Por volta dos 8 a 10 meses, a criança passa a pronunciar palavras isoladas (período holofrático);
- Mais alguns meses, a criança passa a formar frases de duas palavras (início da sintaxe);
Em seguida seu vocabulário aumenta e seus conhecimentos das regras de construção presentes na língua, adquirido seu sistema fonológico e morfológico.

Competência e Desempenho
A competência é o saber linguístico que temos em nossa mente, que é acessado toda vez que precisamos produzir ou compreender frases.
O uso da competência em situação especifica constitui o desempenho linguístico. Ou seja:
competência é um saber e o desempenho é um fazer.

Fonte: http://www.recantodasletras.com.br/artigos/2025623

sábado, 29 de setembro de 2012

Os gêneros do discurso



Já nos disse Bakhtin, filósofo russo, que todas as esferas de atividade humana estão ligadas pela palavra. E que cada esfera destas produz seus repertórios de discursos relativamente estáveis (os gêneros do discurso).
Este enunciado que pode nos parecer difícil pode ser explicado da seguinte maneira. Cada um de nós, ao longo de nosso dia-a-dia, através de nosso cotidiano, nos deparamos com uma infinidade de tipos de discursos, ou seja, com tipos de textos.
Conhecemos todos eles através da prática.
Produzimos e lemos em todos os momentos da nossa vida textos escolares, literários, jornalísticos, pessoais, oficiais, e ainda reconhecemos em cada um as suas características próprias. Quero dizer que cada tipo de texto possui sua característica, sua forma, sua materialidade.
A estrutura de determinado tipo de texto pode ser mais flexível ou menos, aos mais flexíveis chamamos informais, pode ser uma carta para a mãe, um bilhete que escrevemos escondido durante uma aula chata, um bate papo na internet, ou a fala corriqueira entre as pessoas. Já aos textos menos flexíveis, que são mais rigorosos na sua estrutura, chamamos textos formais, são os ofícios (declaração, solicitação, contrato, etc.), os textos literários, os científicos, os jornalísticos, etc. Em suma, estes últimos são os textos que não aceitam, ou aceitam pouco, as mudanças nas regras de sua construção. Alguns textos formais, dependendo do seu contexto, podem ficar informais, como é o caso do texto literário, que se situaria no campo da formalidade, porém se lêssemos as narrativas modernas, perceberíamos a tentativa de fugir do padrão principalmente depois dos modernistas.
Além dos textos formais e informais, temos os tipos de textos verbais e não-verbais. Os primeiros são aqueles predominantemente escritos. Com a palavra como meio de compreensão. São os tipos de textos mais aceitos como textos. Porém também há os textos não-verbais que se caracterizam ou pela oralidade, pelo som, ou pela visão. Um exemplo de texto oral é a música, que podemos chamar de textos, pois tem um autor que a direciona ao leitor, ou ouvinte; as músicas são produzidas geralmente com um sentido; têm um contexto e tem uma estrutura material. Mesmo as músicas que não tem letra foram produzidas seguindo rigorosas regras, produzindo uma sensação, produzindo um sentido. Quem compõe música sabe disso, não é possível produzir uma sem seguir as regras deste tipo de texto.
Além da música, que é um tipo de texto sonoro, podemos classificar como texto também a pintura, um texto visual. Cada autor tem sua forma de se expressar através de um quadro. O traçado, a cor, a forma, tudo isso direciona um sentido para a pintura. Temos como tipos de texto a dança, que têm a música e o movimento a seu favor, podemos dizer as mesmas coisas que dissemos aos anteriores dela. A dança, a música e o quadro são tipos de textos não-verbais, pois para os compreendermos não lemos pa-la-vras, escritas nem ouvidas, mas o movimento, a pintura e o som organizados são importantes para se inferir os significados.
A possibilidade de se produzir ou se compreender um texto é infinita devido às infinidades de tipos de textos, ou seja, de gêneros do discurso que existem ao longo da sociedade. Se estamos deprimidos, por exemplo, podemos escolher um dentre um repertório enorme que conhecemos destes tipos de textos. Escolheremos de acordo com a situação, com a necessidade, com nossas facilidades em escrever tal ou tal tipo de texto. A minha depressão pode ser expressa através de uma carta de suicídio, ou de uma mensagem no meu blog, ou de um grito de lamento, ou um poema.
Também a minha vontade de passar no vestibular, por exemplo, pode ser expressa através da leitura de textos didáticos de diferentes ramos do conhecimento humano. O fato de eu estar estudando vai me fazer escrever mais dissertação do que poema. Já que eu sei que a prova vai me exigir mais aquele gênero do discurso do que este. Porém a mesma prova vai exigir que eu tenha lido tal livro de poesia, pois está como leitura obrigatória.
Dependendo do meu papel na sociedade, ou dos meus interesses eu vou me manifestando com tantos tipos de textos que eu precisar, por isso torna-se tão importante conhecermos e compreendermos cada característica de tipos de texto diversos. A minha vida e as atividades humanas das quais eu participo vão determinar a minha fluência ou não para cada texto. Texto e contexto se desenrolam com a nossa vida. Uma existe para a outra assim como a palavra para o escritor, ou o traçado para o pintor, ou o som para o compositor. Texto e contexto transformam nossa através dos tipos relativamente estáveis de texto, em suma, através dos gêneros do discurso.
Por: Eduardo Eide Nagai
Fonte: http://meuartigo.brasilescola.com/os-generos-discurso

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Minicurso: Gêneros Textuais e Ensino de Língua Portuguesa: da Teoria à Prática



VIII  -  Jornada Pedagógica do ISEP

Minicurso: Gêneros Textuais e Ensino de Língua Portuguesa: da Teoria à Prática
Com: José Antonio Ferreira da Silva

Este minicurso tem como objetivo apresentar uma reflexão sobre a teoria e a prática do trabalho com gêneros textuais para o ensino de língua materna. Para tanto, apresentaremos, inicialmente, uma reflexão a respeito dos conceitos de Bakhtin sobre os gêneros discursivos e de Bazerman sobre os gêneros textuais. Em seguida discutiremos sequências didáticas, faremos proposições de atividades práticas analíticas e de elaboração de materiais didáticos para o trabalho com gêneros textuais nas aulas de língua portuguesa.

Bibliografia:

            BAKHTIN, Mikhail Mikhailovitch. Estética da criação verbal. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2011.

BAZERMAN, Charles. Gênero, agência e escrita. São Paulo: Cortez Editora, 2006.

______. Gêneros textuais, tipificação e interação. 3ª. ed., São Paulo: Cortez Editora, 2009.

______. Escrita, gênero e interação social. São Paulo: Cortez Editora, 2007.

DIONÍSIO, A. P.; MACHADO, A. R.; BEZERRA, M. A. (Orgs.). Gêneros textuais & ensino. São Paulo: Parábola Editorial, 2010.

KARWOSKI, M. A.; GAYDECZKA, B.; BRITO, K. S. (Orgs.). Gêneros textuais: reflexões e ensino. São Paulo: Parábola Editorial, 2010.

MASCUSCHI, Luiz Antonio. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. 4. ed. São Paulo: Parábola Editorial, 2011.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Teoria Gerativa de Noam Chomsky



Nos anos 50, Noam Chomsky, linguista americano, discípulo de um distribucionalista também americano conhecido por Z. Harris, começa a propor que a linguagem não seja tão presa à classificação de dados, mas que dê um lugar importante à teoria.
Inspirado no racionalismo e da tradição lógica dos estudos da linguagem, ele apresenta uma teoria a que chama de gramática e seu estudo se dá especificamente na sintaxe que, para ele, constitui um nível autônomo e central para a explicação da linguagem.
A função dessa gramática não é ditar regras, mas envolver todas e apenas as frases gramaticais, ou seja, as que pertencem à língua. É assim que surge a Gramática Gerativa de Noam Chomsky. Gerativa (gerar – criar frases) porque permite, a partir de um número limitado de regras, gerar um número infinito de sequências.
Esse processo é dedutivo: parte do que é abstrato, isto é, um axioma (proposição evidente por si mesma) e um sistema de regras, e chega ao concreto, ou seja, as frases existentes na língua. É com essa proposta que a teoria da linguagem deixa de apenas descritiva para ser também explicativa.
Para Chomsky, é tarefa do linguista descrever a competência do falante. Ele define competência como capacidade inata que o indivíduo tem de produzir, compreender e de reconhecer a estrutura de todas as frases de sua língua. Ele defende que língua é conjunto de infinito de frases e que se define não só pelas frases existentes, mas também pelas possíveis, aquelas que se podem criar a partir interiorização das regras da língua, tornando os falantes aptos a produzir frases que até mesmo nunca foram ouvidas por ele. Já o desempenho (performance ou uso), é determinado pelo contexto onde o falante está inserido.
O termo gramática é usado de forma dupla: é o sistema de regras possuídos pelo falante e, ao mesmo tempo, é o artefato que o linguista constrói para caracterizar esse sistema, A gramática é, ao mesmo tempo, um modelo psicológico da atividade do falante e uma “máquina” de produzir frases.
A teoria chomskiana conduz ao universalismo, segundo Orlandi, pois o que está em questão é o “falante ideal”, e não locutores reais  do uso concreto da linguagem. A capacidade para desenvolver a linguagem é uma habilidade inata do ser humano: já nascemos com ela. E como a espécie humana é caracterizada pela racionalidade, a questão fundamental para essa linha de estudo é a relação entre linguagem e pensamento. Seus estudos se centralizam no percurso psíquico da linguagem como e, em consequência disso, no domínio da razão.
Desta forma, a reflexão de Chomsky acaba por trazer para a Linguística toda uma contribuição de estudos nas áreas da Lógica e da Matemática e, por outro lado, apresenta uma nova abordagem até então inexplorada: estudos sobre os fundamentos biológicos da linguagem (característica da espécie humana).

Fontes
ORLANDI, Eni Pulcinelli. O que é Lingüística. Série Princípios. São Paulo, Ática.
Por Paula Perin dos Santos
          Em http://www.infoescola.com/comunicacao/teoria-gerativa-de-noam-chomsky

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sábado, 4 de agosto de 2012

Formalismo X Funcionalismo, dois lados da mesma moeda

Estudos em linguística têm sido cada vez mais presentes na mesa dos teóricos em busca do melhor paradigma para entender a língua, mas isso parece não ser tão fácil assim


Na busca da melhor perspectiva de se trabalhar a língua, algumas dúvidas têm vindo à tona, como, por exemplo, em relação à aquisição da linguagem, cuja reflexão conceitual paira entre o behaviorismo e o inatismo.
Outro impasse surgiu com a dicotomia formalismo e funcionalismo, pois ora os estudiosos tentam escolher entre as duas vertentes, ora tentam interpretá-las unificadamente. Diante dessa preocupação, é mais conveniente conhecer cada um dos paradigmas de modo separado e, a posteriori, entender o porquê das críticas entre os seus seguidores.

A LÍNGUA COMO SISTEMA AUTÔNOMO 
A ideia da língua como sistema autônomo surgiu particularmente com a teoria gerativista, conhecida como gerativismo, ou ainda gramática gerativa, constituindo-se de uma corrente de estudos linguísticos iniciados nos Estados Unidos, no final da década de 50. Essa teoria surgiu como uma maneira de valorizar o aspecto formal da língua, o que a levou a ser considerada como teoria formalista.
A visão da língua, nessa perspectiva, foi idealizada pelo linguista Noam Chomsky, professor do Instituto de Tecnologia de Massachussets, o MIT. A literatura vê o ano de 1957 como o momento de surgimento do gerativismo, uma vez que, nesse ano, Chomsky publicou seu primeiro livro, Estruturas Sintáticas.

Nikolaj TrubetzkoyNikolaj Sergeyevich Trubetzkoy tinha título de Príncipe da Lituânia. O linguista e historiador russo ajudou a formar o núcleo da Escola de Praga de Linguística Estrutural. A ele é atribuída a fundação da morfofonologia. Sua contribuição para a área de fonologia é particularmente por suas análises dos sistemas fonológicos de línguas individuais e pela busca de um sistema geral e universal de leis fonéticas. Sua obra principal, Princípios da Fonologia, foi publicada postumamente.
Contudo, pode-se dizer que essa corrente de estudos de linguagem passou por diversas alterações e reformulações, refletidas na inquietação dos pesquisadores em organizar um modelo teórico formal baseado em ensinamentos matemáticos, apto a delinear e esclarecer o conceito e o funcionamento da linguagem humana de modo abstrato. O próprio Noam Chomsky preconiza que uma das razões para estudar a linguagem (exatamente a razão gerativista) - e para ele, pessoalmente, a mais premente delas - é a possibilidade instigante de ver a linguagem como um "espelho do espírito", como diz a expressão tradicional. Com isto, ele não queria apenas dizer que os conceitos expressados e as distinções desenvolvidas no uso normal da linguagem nos revelam os modelos do pensamento e o universo do "senso comum" construídos pela mente humana.
Mais instigante ainda, pelo menos para ele, é a possibilidade de descobrir, através do estudo da linguagem, princípios abstratos que governam sua estrutura e uso, princípios que são universais por necessidade biológica e não por simples acidente histórico, e que decorrem de características mentais da espécie humana.

É instigante a possibilidade de descobrir, através do estudo da linguagem, princípios abstratos que governam sua estrutura e uso, universais por necessidade biológica e não acidente histórico

Antes da hipótese da Gramática Universal (GU) gerativa, enquanto conjunto das propriedades gramaticais comuns repartidas por todas as línguas naturais, assim como as diferenças que elas compartilham, a competência fonológica internalizada pelos falantes era o objeto de estudo de Noam Chomsky & Morris Halle sobre os modelos sonoros da língua inglesa publicados em seu livro no final dos anos sessenta.
Nessa perspectiva, as representações fonológicas atuavam como sequências lineares de segmentos e de junturas; um inventário dos níveis de representação e uma caracterização de cada um dos níveis; reconhece-se um nível abstrato (forma pura) contendo uma informação fonológica e morfológica e um nível sintático. Ao componente fonológico cabia a tarefa de atribuir uma interpretação fonética às descrições dos enunciados produzidas pelo componente sintático.
A LÍNGUA INSERIDA NUMA INTERAÇÃO SOCIAL
Já se tornou senso comum afirmar que o Estruturalismo capitaneou as correntes linguísticas subsequentes. Assim, seu principal teórico, Ferdinand de Saussure, pode ser considerado com o inspirador das demais correntes.
Assim, passou-se a ter como foco a função que os elementos linguísticos exerciam no sistema, sendo um grande avanço da linguística moderna.
Foi, então, proveniente do Estruturalismo que surgiu uma nova proposta de estudo. Tal proposta apregoa que as línguas não podem ser analisadas apenas como estruturas autônomas, separadas de seu uso, já que elas existem para estabelecer o diálogo, produto da comunicação entre falantes e ouvintes.

A base do Funcionalismo foi a Escola de Praga e uma de suas preocupações foi justamente conceituar a fonologia enquanto ciência, diferenciando-a metodologicamente da fonética
Com essa preocupação, percebe-se a noção de função, segundo a qual a língua é apreendida como um sistema funcional, isto é, o uso da língua é valorizado quando se destina a uma dada finalidade, o que implica dizer que a intenção do falante passa a ser fundamental para a compreensão e, pelo continuum, para o estabelecimento da comunicação.
A base do Funcionalismo foi a Escola de Praga e uma de suas preocupações foi justamente conceituar a fonologia enquanto ciência, diferenciando- a metodologicamente da fonética.
A referida escola comportava um grupo de autores que agregam o já conhecidoCírculo Linguístico de Praga, idealizado em 1926 pelo linguista Vilém Mathesius.
Entre os principais representantes do Funcionalismo, destacam-se os linguistas russos Nikolaj Trubetzkoy Roman Jakobson. Foi, portanto, a partir das perspectivas teóricas de Trubetzkoy que se desenvolveram as noções coligadas aos aspectos funcionais empregados na distinção entre fonética e fonologia.
Na visão da professoras e linguistas Fernanda Mussalim, da Universidade Federal de Uberlândia, e Ana Cristina Bentes, da Universidade Estadual de Campinas, foi no artigo La Phonologie Actuelle de Trubetzkoy, publicado em 1981, que o autor afirmou que a fonética visa ao que realmente é pronunciado na língua, enquanto a Fonologia trata o fonema como a imagem acústico-motora mais simples e significativa de uma língua.
Deste modo, na teoria funcionalista, a língua é um instrumento de comunicação, que a impede de ser considerada como autônoma, independente, mas como uma estrutura submetida às pressões procedentes dos atos comunicativos, que influenciam a estrutura língua e a inserem na sociedade, não só em relação à dicotomia fonética e fonologia, mas em outros processos de construção linguística.
ENTRE O FORMAL E O FUNCIONAL: DIÁLOGOS POSSÍVEIS?
A escolha dos modelos de análise linguística tem gerado muitas imprecisões devido às diferentes acepções sobre qual modelo seguir, principalmente no que diz respeito ao formalismo e ao funcionalismo.
Na visão de Mike Dillinger, professor da San Jose State University, Estados Unidos, o formalismo se constitui do estudo das formas linguísticas e o funcionalismo apregoa o significado e uso das formas linguísticas em atos comunicativos, ou seja, os formalistas tratam a língua exatamente como um sistema autônomo, enquanto os funcionalistas acreditam na inserção de elementos sociointeracionistas.
É por causa dessa disparidade de conceitos que começaram a surgir críticas entre os integrantes das duas perspectivas.
Os funcionalistas criticam os for malistas por estudarem a língua de maneira descontextualizada, sem levar em conta o tripé falante x ouvinte x contexto social, pois os adeptos do funcionalismo não acreditam no estudo da língua desvinculado de suas relações com a interação social. 
Círculo Linguístico de PragaO Círculo Linguístico de Praga, também conhecido como Escola de Praga, foi um grupo de críticos literários e linguistas, formando o múltiplo movimento chamado Formalismo Russo. O grupo durou de 1928 a 1939, se desfazendo após a Segunda Guerra Mundial. Seus membros estudavam semiótica e análise estruturalista. Entre os participantes, estavam Nikolai Trubetzkoy, Sergei Karcevskiy, René Wellek etc.
Em contrapartida, os formalistas não aceitam a inclusão de fenômenos psicológicos e sociológicos por parte dos funcionalistas, por acreditarem que tal atitude fere o princípio de autonomia da linguística em relação a outras ciências.
Porém, os adeptos de cada uma das correntes se justificam diante dessas divergências conceituais.
Noah Chomsky, por exemplo, vê a língua como fenômeno mental, derivado de uma linguística genética, responsável pela capacidade inata de aprender essa língua, o que confere a ela o status de autonomia. Enquanto isso, William Labov vê a língua como fenômeno social, derivada da universalidade dos usos que as sociedades humanas fazem dela, ou seja, é através da língua que são desenvolvidas necessidades e habilidades comunicativas da criança e da sociedade, justificando, então, que língua só poderia ser estudada em sua função social.
Com todos esses confrontos, vem à tona um questionamento: se as duas perspectivas analisam o mesmo fenômeno - a língua - o que explica as dissensões entre ambas há tanto tempo?
A questão é tratá-las não como autônomas, nem como alternativas, mas propor uma unificação das duas correntes, pois as diferenças entre elas não implicam a necessidade de excluírem-se mutuamente.
Em linguística, pensar em escolhas entre dicotomias acena uma forma limitada de pensar, de não distinguir uma forma que outros modelos podem oferecer para elevar o conhecimento linguístico, pois a preocupação maior deve ser, sim, com a competência comunicativa do falante, e são eles que devem ter o livre arbítrio de escolher entre os meios que a língua oferece.
Por Edmilson José de Sá
Fonte: http://linguaportuguesa.uol.com.br/linguaportuguesa/gramatica-ortografia/35/artigo255552-1.asp


sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Linguística


A Linguística é concebida como a ciência que se ocupa do estudo acerca dos fatos da linguagem, cujo precursor foi Ferdinand de Saussure.

                                                         Ferdinand de Saussure – considerado o fundador da Linguística


O termo “Linguística” pode ser definido como a ciência que estuda os fatos da linguagem. Para que possamos compreender o porquê de ela ser caracterizada como uma ciência, tomemos como exemplo o caso da gramática normativa, uma vez que ela não descreve a língua como realmente se evidencia, mas sim como deve ser materializada pelos falantes, constituída por um conjunto de sinais (as palavras) e por um conjunto de regras, de modo a realizar a combinação desses. 
Assim, a título de reforçarmos ainda mais a ideia abordada, consideremos as palavras de André Martinet, acerca do conceito de Linguística:
“A linguística é o estudo científico da linguagem humana. Diz-se que um estudo é científico quando se baseia na observação dos fatos e se abstém de propor qualquer escolha entre tais fatos, em nome de certos princípios estéticos ou morais. ‘Científico’ opõe-se a ‘prescritivo’. No caso da linguística, importa especialmente insistir no caráter científico e não prescritivo do estudo: como  o objeto desta ciência constitui uma atividade humana, é grande a tentação de abandonar o domínio da observação imparcial para recomendar determinado comportamento, de deixar de notar o que realmente se diz para passar a recomendar o que deve dizer-se”.
MARTINET, André. Elementos de linguística geral. 8 ed. Lisboa: Martins Fontes, 1978.
O fundador destaciência foi Ferdinand de Saussure, um linguista suíço cujas contribuições em muito auxiliaram para o caráter autônomo adquirido por essa ciência de estudo. Assim, antes de retratá-las, constatemos um pouco mais acerca de seus dados biográficos:
Ferdinand de Saussure nasceu em 26 de novembro de 1857 em Genebra, Suíça. Por incentivo de um amigo da família e filólogo, Adolphe Pictet, deu início aos seus estudos linguísticos. Estudou Química e Física, mas continuou fazendo cursos de gramática grega e latina, quando se convenceu de que sua carreira estava voltada mesmo para tais estudos, ingressou-se na Sociedade Linguística de Paris. Em Leipzig estudou línguas europeias, e aos vinte e um anos publicou uma dissertação sobre o sistema primitivo das vogais nas línguas indo-europeias, defendendo, posteriormente, sua tese de doutorado sobre o uso do caso genitivo em sânscrito, na cidade de Berlim. Retornando a Paris passou a ensinar sânscrito, gótico e alemão e filologia indo-europeia. Retornando a Genebra continuou a lecionar novamente sânscrito e linguística histórica em geral.
Na Universidade de Genebra, entre os anos de 1907 e 1910, Saussure ministrou três cursos sobre linguística, e em 1916, três anos após sua morte, Charles Bally e Albert Sechehaye, alunos dele, compilaram todas as informações que tinham aprendido e editaram o chamado Curso de Linguística Geral – livro no qual ele apresenta distintos conceitos que serviram de sustentáculo para o desenvolvimento da linguística moderna.  
Entre tais conceitos, tornam-se passível de menção alguns deles, tais como as dicotomias:
Língua X Fala
Esse grande mestre suíço aponta que entre dois elementos há uma diferença que os demarca: enquanto a língua é concebida como um conjunto de valores que se opõem uns aos outros e que está inserida na mente humana como um produto social, razão pela qual é homogênea, a fala é considerada como um ato individual, pertencendo a cada indivíduo que a utiliza. Sendo, portanto, sujeita a fatores externos.   
Significante X Significado
Para Saussure, o signo linguístico se compõe de duas faces básicas: a do significado – relativo ao conceito, isto é, à imagem acústica, e a do significante – caracterizado pela realização material de tal conceito, por meio dos fonemas e letras. Falando em signo, torna-se relevante dizer acerca do caráter arbitrário que o nutre, pois, sob a visão saussuriana, nada existe no conceito que o leve a ser denominado pela sequência de fonemas, como é o caso da palavra casa, por exemplo, e de tantas outras. Fato esses que bem se comprova pelas diferenças existentes entre as línguas, visto que um mesmo significado é representado por significantes distintos, como é ocaso da palavra cachorro (em português); dog(inglês); perro (espanhol); chien (francês) e cane (italiano). 
Sintagma X Paradigma
Na visão de Saussure, o sintagma é a combinação de formas mínimas numa unidade linguística superior, ou seja, a sequência de fonemas se desenvolve numa cadeia, em que um sucede ao outro, e dois fonemas não podem ocupar o mesmo lugar nessa cadeia. Enquanto que o paradigma para ele se constitui de um conjunto de elementos similares, os quais se associam na memória, formando conjuntos relacionados ao significado (campo semântico). Como o autor mesmo afirma, é o banco de reservas da língua
Sincronia X Diacronia
Saussure, por meio dessa relação dicotômica retratou a existência de uma visão sincrônica – o estudo descritivo da linguística em contraste à visão diacrônica - estudo da linguística histórica, materializado pela mudança dos signos ao longo do tempo. Tal afirmação, dita em outras palavras, trata-se de um estudo da linguagem a partir de um dado ponto do tempo (visão sincrônica), levando-se em consideração as transformações decorridas mediante as sucessões históricas (visão diacrônica), como é o caso da palavra vosmecê, você, ocê, cê, vc...
Mediante os postulados aqui expostos, cabe ainda ressaltar que a linguística não se afirma como uma ciência isolada, haja vista que se relaciona com outras áreas do conhecimento humano, tendo por base os conceitos dessas. Por essa razão, pode-se dizer que ela assim subdivide:
Psicolinguística – trata-se da parte da linguística que compreende as relações entre linguagem e pensamentos humanos.
Linguística aplicada – revela-se como a parte dessa ciência que aplica os conceitos linguísticos no aperfeiçoamento da comunicação humana, como é o caso do ensino das diferentes línguas.
Sociolinguística – considerada a parte da linguística que trata das relações existentes entre fatos linguísticos e fatos sociais.
Fonte: http://www.brasilescola.com

terça-feira, 31 de julho de 2012

MEC lança guia de redação para o Enem 2012



MEC lança guia de redação para o Enem 2012

As provas do Enem 2012 serão realizadas nos dias 3 e 4 de novembro



Brasília - O Ministério da Educação divulgou, nesta segunda-feira (30), o manual com as novas regras para redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2012, que será realizado nos dias 3 e 4 de novembro. O material terá uma tiragem de 1,7 milhão de cópias e será distribuído em escolas públicas de todo o Brasil. Também haverá versões em Braille e na forma ampliada, para pessoas com déficit de visão. Clique AQUI e confira o guia.

Entre as mudanças já anunciadas, estão as competências de avaliação dos textos e os níveis para cada uma delas. São cinco itens que receberão pontuações entre 0 e 200 pontos, totalizando 1000 pontos. Os critérios de correção serão os seguintes: domínio da norma padrão da língua escrita; compreensão da proposta de redação e aplicação de conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo; seleção, relação, organização e interpretação de informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista; conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação; e elaboração de proposta de solução para o problema abordado, respeitando os valores humanos e considerando a diversidade sociocultural.
O guia para o participante traz exemplos de textos para cada competência, explicação da metodologia de correção com detalhes sobre o que se espera em cada item, além de exemplos de redações estudantes de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais que obtiveram nota 1000 em 2011.
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De acordo com o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), Luiz Cláudio Costa, o objetivo do Guia é "tornar o mais transparente possível a metodologia de correção da redação, além de explicar o que se espera do participante em cada uma das competências avaliadas”.
Correção

As redações serão corrigidas por dois avaliadores independentes. Se não houver diferença maior que 200 pontos na soma total das notas ou de 80 pontos em uma das cinco competências, a nota do aluno será definida por média aritmética. Se houver discrepância, um terceiro avaliador será requisitado. Se a diferença persistir, o texto passará por uma outra banca, formada por três membros. Antes, a diferença de notas era de 300 pontos.

“Mudamos substancialmente o sistema de avaliação da redação para que haja maior objetividade e segurança aos estudantes. É uma avaliação com muito mais rigor para que tenhamos uma avaliação justa”, informou o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, que também adiantou que o número de avaliadores será 40% maior em relação à edição 2011, chegando a 4200 corretores.
Os avaliadores poderão atribuir a nota zero caso o aluno fuja do tema ou da estrutura dissertativo-argumentativa, escreva até sete linhas, inclua desenhos e outros elementos não condizente com uma redação, desrespeite os direitos humanos ou entregue a folha de redação em branco