Novo episódio do Podcast Papo Filosófico

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

A Importância das Técnicas da Leitura, Fichamento, Resumo e Resenha na Produção de Textos Técnico-Científicos


SUMÁRIO: 1 Introdução; 2 Produção Científica; 3 Leitura; 4 Fichamento; 4.1 Fichamento Bibliográfico; 4.2 Fichamento de Resumo ou Conteúdo; 4.3 Fichamento de Citação; 5 Resumo; 6 Resenha; 7 Considerações finais; 8 Referências.

1 Introdução

É fato notório que a produção cientifica brasileira nos últimos anos deu um salto quantitativo, mas a qualidade ainda deixa a desejar se comparada com a produção científica americana e europeia. O problema reside no fato de que maioria dos alunos da graduação e pós-graduação não são devidamente instruídos a selecionar as ideias principais de um texto e a desenvolver ideias próprias.

Corrobora nossa afirmação, publicação recente da Folhaonline (1), onde, destaca-se que a produção cientifica cresceu 56% no Brasil. Segundo a matéria, de 2007 para 2008, a produção científica brasileira cresceu 56% e o país passou da 15ª para a 13ª colocação no ranking mundial de artigos publicados em revistas especializadas. No entanto, a qualidade dessa produção, medida pelo número de citações que um artigo gera após ser publicado, continua abaixo da média mundial.

Sob tal enfoque, faz-se necessário estimular os acadêmicos desde os anos iniciais da vida universitária na elaboração de textos técnico-científicos, pois somente a persistência e dedicação trarão resultados positivos para o país e toda sociedade.

Nesse sentido, este artigo tem por objetivo trazer à baila, técnicas importantes na produção cientifica, isto é, as técnicas de leitura, fichamento, resumo e resenha.

A leitura é a base de toda produção cientifica. A leitura solidifica o estilo, amplia o conhecimento, muda comportamentos e ajuda na articulação linguística.

Quanto às técnicas de fichamento, resumo e resenha, cabe registrar que são ferramentas muito importantes para elaboração de trabalhos de pesquisa científica. Tais instrumentos visam a facilitar a organização do conhecimento adquirido, favorecendo o estudo, tornando a leitura mais eficiente e eficaz.

2 Produção Científica

Um dos maiores desafios que se vem enfrentando nos cursos de graduação e pós-graduação é a produção de textos técnico-científicos de qualidade. Pode-se dizer que a produção de textos requer domínio específico da matéria e conhecimento, no mínimo, satisfatório da linguagem utilizada na produção, em face da clareza ser condição de validação do texto.

Geraldina Porto Witter define a produção cientifica como sendo a forma pela qual a universidade ou instituição de pesquisa se faz presente no saber-fazer-poder ciência. Para este, a produção científica é a base para o desenvolvimento e a superação de dependência entre países e entre regiões de um mesmo país; é o veículo para a melhoria da qualidade de vida dos habitantes de um país; é a forma de se fazer presente não só hoje, mas também amanhã. Segundo o autor, este rol pode ir longe, mas, seja qual for o ângulo que se tome por referência, é inegável o papel da ciência na vida das pessoas, das instituições e dos países. Aduz que se pode afirmar que alguma produção científica está ligada à maioria, quase totalidade das coisas, dos eventos, dos lugares com que as pessoas se envolvem no cotidiano. (2)

Nesse contexto, a produção científica gerada por um pesquisador deve ter compromisso social, ser conhecida e útil para a comunidade acadêmica e a sociedade em geral. Por esta razão, o pesquisador deve ter em mente que a produção científica não é somente para o seu aprimoramento intelectual, pois, além disso, deve ter por objetivo beneficiar toda a sociedade.

Em suma, é através do conhecimento produzido na graduação e pós-graduação que se adquire conhecimento para mudar a sociedade. É através deste conhecimento adquirido que se propõem soluções para os problemas que a sociedade enfrenta no dia-dia.

Por outro lado, cabe registrar que nas últimas décadas a produtividade científica vem ganhando grande importância na sociedade brasileira, podendo-se até dizer que mantém íntima relação com o desenvolvimento econômico e social.

Nesse viés, urge ressaltar que a produção científica é parte de um grande sistema social chamado ciência. Nesse sentido é a lição de Macias-Chapula, para quem, a ciência necessita ser considerada como um amplo sistema social, no qual uma de sua função é disseminar conhecimentos. Sua segunda função é assegurar a preservação de padrões e, a terceira, é atribuir crédito e reconhecimento para aqueles cujos trabalhos têm contribuído para o desenvolvimento das ideias em diferentes campos. (3)

Portanto, é por intermédio da produção de texto técnico-científico de qualidade, eficiente e produtivo que docentes e discentes podem avançar em seus conhecimentos, permitindo a construção de um Estado mais condizente com o modelo de vida almejado por toda sociedade.

3 Leitura

A leitura é uma atividade extremamente importante para o homem civilizado, atendendo a múltiplas finalidades. A leitura insere o ser humano em um vasto mundo de conhecimentos, propiciando a obtenção de informações em relação a qualquer contexto e área do saber.

Sob tal enfoque, urge compreender que a técnica da leitura garante um estudo eficiente, quando aplicada qualitativamente. Nesse contexto, cabe registrar que em sua grande maioria, o produtor de texto técnico-científico fracassa porque sua leitura não é eficiente.

Com esse intróito, busca-se realçar a necessidade de desenvolvimento de hábitos de estudo, com prioridade para técnicas de leitura, a fim de permitir a continuação da pesquisa para além dos bancos escolares. Em essência, a leitura é uma das principais formas de aquisição de informação e conhecimento por parte do ser humano.

Para Eva Maria Lakatos e Marina de Andrade Marconi, a leitura constitui-se em um dos fatores decisivos do estudo e imprescindível em qualquer tipo de investigação científica. Segundo estes, a leitura favorece a obtenção de informações já existentes, poupando o trabalho de pesquisa de campo ou experimental. (4) Lado outro, João Bosco Medeiros e Antonio Henriques escrevem que alguns tópicos devem ser observados a fim de facilitar o aproveitamento da leitura: a) primeiramente há que se determinar um objetivo a ser alcançado; b) esclarecer as dúvidas que possam ocorrer durante a leitura do texto com a consulta a um bom dicionário; c) assimilar as idéias principais do texto, captar as mensagens; d) fazer um esquema com as ideias principais e e) elaborar frases-resumos com base no que foi sublinhado. (5)

Nesse sentido, antes de se iniciar no estudo de um texto ou obra o leitor deve compreender quais são seus objetivos. Deve-se perguntar que informação terá que encontrar e por que encontrá-la e quando encontrar, qual uso fará dessa informação.

Em alguns casos, a colocação dos problemas pode ser difícil, mas o leitor deve-se perguntar pelo menos: qual a relação deste tópico com a unidade que está estudando; qual a relação deste tópico com outras unidades que já estudou etc.

Uma boa leitura é aquela em que não se lê palavra por palavra, mas sim, o conjunto de palavras que constituem unidades de pensamento. Essas unidades de pensamento são essenciais para uma perfeita compreensão de significados e da mensagem que o texto quer nos passar.

Nesse diapasão, há que se registrar que a grande maioria dos produtores de textos técnico-científicos perde a maior parte do tempo com leitura de material que em nada ajudará na produção literária. As pesquisas demonstram que existem diferenças no nível de aprendizagem quanto a material significativo e pouco significativo.

Segundo João Bosco Medeiros, em primeiro lugar, o leitor deve considerar que a leitura é seletiva e que há vários modos de realizá-la, como: a) o que é relevante para o leitor é a relação do texto com o autor (o que o autor quis dizer?); b) relação do texto com outros textos (leitura comparativa); c) o que é relevante é a relação do texto com seu referente; e d) relação do texto com o leitor (o que você entendeu?). (6)

Por outro giro, João Bosco Medeiros e Antonio Henriques dizem que a leitura, não obstante possa ser agradável e prazerosa, é empreendida com finalidade prática, pois tem algum tipo de compromisso com o resultado que o leitor espera de seu esforço. Ou seja, lê-se para aprender, não cabendo se questionar o que se lê. Ademais, estabelecem que um bom leitor deve ser capaz de praticar níveis diferentes de leitura, ou seja:

1. Leitura elementar: leitura básica ou inicial. Ao leitor cabe reconhecer cada palavra de uma página, o qual dispõe de treinamento básico e aquisição rudimentar da arte de ler;

2. Leitura inspecional: caracteriza-se pelo tempo estabelecido para a leitura. Arte de folhear sistematicamente;

3. Leitura analítica: é minuciosa, completa, a melhor que o leitor é capaz de fazer. É ativa em grau elevado e tem em vista principalmente o entendimento;

4. Leitura sintópica: leitura comparativa de quem lê muitos livros, correlacionados entre si. Nível ativo e laborioso da leitura. (7)

Ressalte-se que os quatro níveis de leitura são cumulativos, exigindo-se de um leitor competente o transito por todos os níveis, com desenvoltura e autonomia. Enfim, quanto mais tempo de leitura tiver o leitor, mais produtiva se tornará sua leitura.

Ademais, existem algumas técnicas que podem ajudar a desenvolver a prática de uma leitura produtiva e eficiente. Cite-se o caso do grifo, processo este que pode ajudar na concentração e no desenvolvimento de um processo seletivo do texto e de resumo. Essa medida, ou seja, o grifo, deve ser usado tendo em mente dois objetivos: primeiro deve ser utilização pelo leitor como uma ajuda a entender e organizar a matéria; e segundo, como um auxílio para futuras revisões.

Por fim, de cite-se a doutrina de Délcio Vieira Salomon, segundo qual, pode-se dizer que um bom leitor lê rapidamente e entende bem o que lê. Tem habilidades e hábitos como: ler com objetivo determinado; ler unidades de pensamento; tem vários padrões de velocidade; avalia o que lê; possui bom vocabulário; tem habilidades para conhecer o valor do livro; sabe quando deve ler um livro até o fim, quando interromper a leitura definitivamente ou periodicamente; discute frequentemente o que lê com colegas; adquire livros com frequência e cuida de ter sua biblioteca particular; lê assuntos vários; lê muito e gosta de ler, sendo que o bom leitor é aquele que não é só bom na hora de leitura, mas é bom leitor porque desenvolve uma atitude de vida: é constantemente bom leitor. Não só lê, mas sabe ler. (8)

4 Fichamento

Pode-se definir a técnica do fichamento com sendo o ato através do qual se registra os estudos de uma obra ou texto, em fichas ou em folhas de papel. Fichar é selecionar, organizar e registrar informações que futuro servirão como material organizado para consulta e fonte para estudos posteriores. Atualmente, vem se disseminando a confecção de fichamento em meios eletrônicos, em face de uma visão ecológica.

Noutras palavras, o fichamento traduz informações de outro texto de forma mais : o conhecimento adquirido por meio da leitura se em ; eópicos e temas de interesse abordados no texto-base; acompreensão do texto; pa ção dados relevantes,ão as informações lidas, a ção as ideias internas do texto-base, a ão as ideias do texto-base e as do projeto de ficha o texto.

Nesse sentido, o fichamento é uma maneira excelente de manter um registro de tudo que se lê. Após a confecção de um bom fichamento de um texto, ou livro, nunca mais será preciso recorrer ao original novamente, o que trará ganho de tempo. Além disso, o fichamento facilita a execução dos trabalhos acadêmicos e a assimilação dos conteúdos estudados.

Para César Luiz Pasold, a ciência do fichamento é uma arte, pois, deve haver no produto desta técnica uma preocupação estética. Ou seja, o operador desta ferramenta deve zelar para que o trabalhado resultante da aplicação dessa técnica seja apresentado de maneira organizada, ordenada e de fácil manuseio. (9)

A elaboração do fichamento deve ocorrer em etapas. O leitor deve iniciar com uma leitura corrida geral, sem anotações. Permitindo-se, assim, o primeiro contato com alguns aspectos da obra como: tema tratado, seus aspectos estruturais e estilo do autor e ao mesmo tempo resolver dúvidas ou incertezas relativas ao vocabulário empregado e aos conceitos introduzidos no texto. Em seguida, fazer uma leitura mais cuidadosa, selecionando as ideias a serem destacas.

Uma técnica que ajuda no fichamento e que também deve ser usada é a sublinhação. Sublinhar é isolar do texto um número reduzido de frases e expressões que melhor sintetizam as informações lidas. Ou seja, sublinhar implica redução de texto e não transcrição total. O número de frases ou expressões destacadas deve ser reduzido, destacar somente a ideia que mais chamou a atenção evitar sublinhar idéias repetidas, sublinhar textos que representam uma ideia central. Assim, não se trata de resumir o texto ou parte dele, mas sim de isolar nele o que lhe parece mais significativo.

De acordo com diversos autores, o fichamento deve conter a seguinte estrutura: cabeçalho indicando o assunto e a referência da obra, isto é, a autoria, título, o local de publicação, a editora e o ano da publicação.

Segundo Humberto Eco existem vários tipos de fichas: a) fichário de idéias – anotação de idéias que surgem durante a leitura; b) fichário temático – as formas diversas que os autores abordam um mesmo problema/tema; c) fichário por autores; d) fichário de citações; e) fichário de leitura e g) fichas de trabalho. (10)

De outra banda, Luiz Antonio Rizzatto Nunes propõe como sugestão sete tipos de fichas ou relatórios de leitura: a) relatório de leitura de bibliografia (RLB); b) relatório de leitura de obras (RLO); c) relatório de leitura de temas (RLT); d) relatório de leitura de normas jurídicas (RLN); e) relatório de leitura de jurisprudência (RLJ); f) relatório de leitura de anotações pessoais/observações gerais (RLA); e g) relatório de leitura de dados biográficos dos autores (RLD). (11)

Cite-se também César Luiz Pasold que apresenta 5 (cinco) tipos de fichamento que podem ajudar no registro de leituras e atos científicos ou acadêmicos. Quais sejam: 1. Ficha destaques/referente de obra científica – serve para registro de elementos teóricos ou práticos encontrados em pesquisa de livros ou ensaio ou artigo; 2. Ficha registro de categorias e conceitos operacionais (COPS) – serve para registro de categorias e respectivos conceitos operacionais encontrados em pesquisa de livros ou ensaio ou artigo; 3. Ficha de resumo/analítica de obra científica – serve para registro do resumo do conteúdo de livro/ensaio/artigo e elaboração de análise criticamente responsável sobre o conteúdo lido; 4. Ficha resumo/analítica de palestra/conferência – serve para registro do resumo do conteúdo de palestra/conferência e do aprendizado nela havido; e 5. Ficha resumo/analítica de sessão de defesa de trabalho acadêmico – serve para registro do resumo do conteúdo de sessão de defesa de trabalho acadêmico e do aprendizado nela havido. (12)

Nesse diapasão, caberá ao produtor de texto técnico-científico escolher aquele que melhor se adapte ao tipo de trabalho que pretender produzir. Não obstante, insta ressaltar que, conforme a maioria da doutrina, existem três tipos básicos de fichamento: o fichamento bibliográfico; o fichamento de resumo ou conteúdo; e o fichamento de citações.

4.1 Fichamento Bibliográfico

O fichamento bibliográfico é a descrição, com comentários dos tópicos abordados em uma obra ou parte dela. É basicamente uma coleção de fichas contendo informações de livros, artigos e outros materiais, com suas respectivas anotações, que possam servir ou já constituam referências a uma monografia, dissertação ou tese.

Nesse sentido, Antônio Joaquim Severino estabelece que: “O fichamento de documentação bibliográfica constitui um acerto de informações sobre livros, artigos e demais trabalhos que existem sobre determinados assuntos, dentro de uma área do saber”. (13)

Por viés outro, Humberto Eco disserta sobre todos os detalhes a serem considerados na formação deste arquivo, indo desde a primeira pesquisa exploratória em uma biblioteca até o detalhamento de informações de registro para consultas posteriores. (14)

O tema entabulado também é tratado por Ângelo Domingos Salvador, segundo qual, a ficha bibliográfica, de obra inteira ou parte dela, pode referir-se a alguns ou a todos os seguintes aspectos: a) o campo do saber que é abordado; b) os problemas significativos tratados; c) as conclusões alcançadas; d) as contribuições especiais em relação ao assunto do trabalho; e e) as fontes dos dados. (15)

Portanto, o fichamento bibliográfico consiste em resenha ou comentário que dê idéia do que trata a obra, sempre com indicação completa da fonte. Pode ser feito também a respeito de artigos ou capítulos isolados, representando um importante auxílio na produção de textos técnico-científicos. Segue abaixo modelo que permite melhor visualização.

TABELA

4.2 Fichamento de Resumo ou Conteúdo

Segundo Eva Maria Lakatos e Marina de Andrade Marconi, no fichamento de resumo ou conteúdo apresenta-se uma síntese bem clara e concisa das ideias principais contidas no texto ou obra. Ou seja, o autor do fichamento elabora com suas próprias palavras a interpretação do que foi lido. (16)

Corrobora coerentemente essa conceituação, a doutrina de João Bosco Medeiros, para quem o resumo é um tipo de redação informativo-referencial que se ocupa de reduzir um texto a suas ideias principais, devendo-se evitar fazer comentários pessoais. Engloba duas fases: a compreensão do texto e a elaboração de um novo, isto é, do resumo. (17)

Como características do fichamento de resumo ou conteúdo, podemos citar as constantes na obra de Eva Maria Lakatos e Marina de Andrade Marconi, quais sejam:

a) não é um sumário ou índice das partes componentes da obra, mas exposição abreviada das ideias do autor;

b) não é transcrição, como na ficha de citações, mas é elaborada pelo leitor, com suas próprias palavras, sendo mais uma interpretação do autor;

c) não é longa, apresentam-se mais informações do que a ficha bibliográfica, que, por sua vez, é menos extensa do que a do esboço;

d) não precisa obedecer estritamente à estrutura da obra, lendo a obra, o estudioso vai fazendo anotações dos pontos principais. Ao final, redige um resumo, contendo a essência do texto. (18)

Em suma, o fichamento de resumo ou conteúdo é uma síntese das ideias principais existentes no texto ou livro, escritas com as próprias palavras do leitor. Segue abaixo modelo que permite melhor visualização.

TABELA

4.3 Fichamento de Citação

O fichamento de citação é a transcrição textual, ou seja, é a reprodução fiel das frases que se pretende usar na produção do texto técnico-científico. Deve-se ter os seguintes cuidados:

a) toda citação tem de vir entre aspas. É através deste sinal que se distingue uma ficha de citações das de outro tipo. Além disso, a colocação das aspas evita que, mais tarde, ao utilizar a ficha, se transcreva como do autor das fichas, os pensamentos nela contidos;

b) após a citação, deve constar o número da página de onde foi extraída. Isso permitirá a posterior utilização no trabalho com a correta indicação bibliográfica;

c) a transcrição tem de ser textual. Isso inclui os erros de grafia, se houver. Após eles, coloca-se o termo sic, minúscula e entre colchetes.

d) a supressão de uma ou mais palavras deve ser indicada, utilizando-se local da omissão, três pontos, precedidos e seguidos por espaços, no início ou final do texto e entre parênteses, no meio;

e) a frase deve ser completada, se necessário, quando se extrair uma parte ou parágrafo de um texto, este pode perder seu significado, necessitando de um esclarecimento, o qual deve ser intercalado, entre colchetes.

f) quando o pensamento transcrito é de outro autor, tal fato tem de ser assinalado. Muitas vezes o autor fichado cita frases ou parágrafos escritos por outra pessoa. Nesse caso, é imprescindível indicar, entre parênteses, a referência bibliográfica da obra da qual foi extraída a citação.

Além disso, segundo João Bosco Medeiros, a transcrição direta de até três linhas deve ser contida entre aspas duplas. Quanto às citações diretas com mais de três linhas devem ser destacadas com recuo de 4 cm da margem esquerda, com letra menor que o do texto utilizado e sem aspas. (19)

Por fim, quanto aos tipos de citação, temos três: 1. citação direta – na citação direta utiliza-se literalmente as próprias palavras do autor; 2. citação indireta – na citação indireta se reproduz ideias do autor com as próprias palavras. Ou seja, pega-se a ideia do autor e a expressa com palavras próprias; e 3. citação de citação – na citação de citação é realizada a menção de um documento ao qual não se teve acesso, mas que se conheceu através de outro autor.

Portanto, conforme ABNT (20), a citação é a menção de uma informação extraída de outra fonte. Poder ser uma citação direta, citação indireta ou citação de citação. Segue abaixo modelo de citação direta que permite melhor visualização.

TABELA

5 Resumo

João Bosco Medeiros define resumo como sendo uma apresentação sintética e seletiva das ideias de um texto, ressaltando a processão e a articulação delas. (21) Já a ABTN (22) conceitua resumo como apresentação concisa dos pontos relevantes de um documento.

A produção de resumos é de crucial importância na confecção de textos técnico-científicos, uma vez que é através desse tipo de atividade de produção de um novo texto a partir de um ou mais textos-base pelo qual, o leitor, além de registrar a leitura, manifesta sua compreensão de conceitos e do fazer-científico da área de conhecimento em que atua.

Assim, da mesma forma que os fichamentos são importantes para os pesquisadores, pode-se dizer com relação aos resumos. Instrumentos estes, através dos quais se pode selecionar obras que mereçam a leitura do texto completo. Entretanto, os resumos só são válidos quando contiverem, de forma sintética e clara, tanto a natureza da pesquisa realizada quanto os resultados e as conclusões mais importantes, em ambos os casos destacando-se o valor dos achados ou de sua originalidade.

Para Eva Maria Lakatos e Marina de Andrade Marconi, o resumo é a apresentação de uma síntese bem clara e concisa das idéias principais da obra ou texto. Tem como características: não ser um sumário ou índice das partes que compõem a obra, mas sim a exposição abreviada das idéias; não é transcrição como na fichamento de citação, ou seja, o resumo deve ser realizado com as próprias palavras do leitor; não deve ser extensa, como dito deve apresentar as idéias principais; e não precisa obedecer estritamente à estrutura da obra, afinal, a redação do resumo deve conter o essencial do texto. (23)

Ainda com respeito ao assunto debatido, Eva Maria Lakatos e Marina de Andrade Marconi aduzem que dependendo do caráter do trabalho científico que se pretende realizar, o resumo pode ser: indicativo ou descritivo; informativo ou analítico; ou crítico. (24)

O resumo indicativo ou descritivo acontece quando se faz referência às partes mais importantes, componentes do texto. Utiliza frases curtas, cada uma correspondendo a um elemento importante da obra. Não é simples enumeração do sumário ou índice do trabalho. Não dispensa a leitura do texto completo, pois apenas descreve sua natureza, forma e propósito.

Por outro lado, o resumo informativo ou analítico contém todas as informações principais apresentadas no texto e permite dispensar a leitura desse último; portanto, é mais amplo do que o indicativo ou descritivo. Tem a finalidade de informar o conteúdo e as principais ideias do autor, salientando: os objetivos e o assunto; os métodos e as técnicas; e os resultados e as conclusões.

Sendo uma apresentação condensada do texto, esse tipo de resumo não deve conter comentários pessoais ou julgamentos de valor, da mesma maneira que não deve formular críticas. Deve ser seletivo e não mera repetição sintetizada de todas as idéias do autor. Utilizam-se de preferência, as próprias palavras de quem fez o resumo; quando cita as do autor, apresenta-as entre aspas. Não sendo uma enumeração de tópicos, o resumo informativo ou analítico deve ser composto de uma sequência corrente de frases concisas. Ao final do resumo, indicam-se as palavras-chaves do texto. Da mesma forma que na redação de fichas, procura-se evitar expressões tais como: o autor disse, o autor falou, segundo o autor, a seguir, este livro e outras do gênero, ou seja, todas as palavras supérfluas. Deve-se dar preferência à forma impessoal.

Por fim, o resumo crítico acontece quando se formula um julgamento sobre o trabalho. É a crítica da forma, no que se refere aos aspectos metodológicos; do conteúdo; do desenvolvimento da lógica da demonstração; da técnica de apresentação das ideias principais. No resumo crítico não pode haver citações.

Em suma, o hábito de fazer resumos é uma ótima técnica de estudo de grande utilidade para que o leitor compreenda o texto lido, possibilitando a memorização e posterior revisão. Percebe-se, então, que o resumo de texto é uma síntese das ideias principais, isto é, o extrato fiel das ideias do autor.

6 Resenha

A técnica de resenha é a descrição minuciosa de uma obra, que além do resumo, sempre vem acompanhada de uma posição crítica por parte do leitor. A resenha exige do leitor capacidade de síntese, objetividade, relativa maturidade intelectual, domínio do assunto tratado na obra e, como em todo texto dissertativo, argumentação eficientemente.

Nesse sentido é a doutrina de João Bosco Medeiros, dispondo que resenha é um relato minucioso das propriedades de um objeto, ou de suas partes constitutivas. Para este, resenha é um tipo de redação técnica que inclui variadas modalidades de textos: descrição, narração e dissertação. (25)

Sob esse prisma, a resenha é um texto em forma de síntese que expressa a opinião pessoal do autor sobre determinado texto ou obra. O resenhista deve ir direto ao tema principal, fazendo discrições com momentos de crítica direta. A resenha tem por objetivo guiar o leitor pelo emaranhado de produções científicas que cresce dia-dia.

O resenhista deve resumir o assunto e apontar as falhas e os erros de informação encontrados, sem entrar em muitos pormenores e, ao mesmo tempo, tecer elogios aos méritos da obra, desde que sinceros e ponderados.

A estrutura da resenha é formada pela: a) referência bibliográfica completa, segundo normas da ABNT; b) credenciais do autor; c) conclusões do autor; d) digesto ou conhecimento; e) metodologia do autor; f) quadro de referência do autor; g) crítica do resenhista; h) indicações do resenhista.

Além disso, a resenha apresenta algumas divisões, a mais conhecida é a divisão acadêmica, a qual apresenta moldes bastante rígidos, responsáveis pela padronização dos textos técnico-científicos. Divide-se em resenha crítica, resenha descritiva e resenha temática.

Para João Bosco Medeiros, na resenha acadêmica crítica, além dos elementos descritivos e narrativos, deve haver os dissertativos, a defesa de um ponto de vista, a apresentação de argumentos e provas. Espera-se, por parte do leitor, um posicionamento do resenhista. Outrossim, o citado autor estabelece que a resenha crítica deve conter: referências bibliográficas; credenciais do autor; resumo da obra (digesto); conclusões do autor (se forem mencionadas); metodologia aplicada pelo autor; quadro de referências do autor; crítica do resenhista (apreciação) e; indicações do resenhista. (26)

A resenha acadêmica descritiva para Fiorin e Platão, apudJoão Bosco Medeiros, significa fazer uma relação das propriedades de um objeto, enumerar cuidadosamente seus aspectos relevantes, descrever as circunstâncias que o envolvem. Assim, a resenha descritiva apenas descreve, não expõe a opinião o resenhista. (27)

Para João Bosco Medeiros a estrutura da resenha descritiva de um texto deve conter os seguintes dados: nome do autor (ou dos autores); título e subtítulo da obra (livro, artigo de um periódico); se tradução, nome do tradutor; nome da editora; lugar e data da publicação da obra; número de páginas e volumes; descrição sumária das partes, capítulos, índices; resumo da obra, salientando objeto, objetivo, gênero; tom do texto; métodos utilizados e ponto de vista que defende. (28)

Por fim, na resenha acadêmica temática o resenhista expõe diversos textos ou obras que tenham em comum o tema principal.Segue abaixo os passos para estruturar a resenha acadêmica temática: apresentação do tema; resumo dos textos; citação das fontes e conclusão.

7 Considerações Finais

Em vista dos argumentos apresentados, conclui-se que as técnicas de leitura, fichamento, resumo e resenha são ferramentas de grande importância para facilitar a elaboração de textos técnico-científicos.

Por fim, apesar de não ser um estudo exaustivo, o presente trabalho tem por objetivo passar algumas orientações metodológicas para aqueles que iniciam suas carreiras acadêmicas. Possibilitando-se, assim, a instrumentalização para produção científica nas suas diversas modalidades, de forma originária, para que não seja simples reprodução do saber já posto.

8 Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. Referências – Elaboração. NBR 6023. ago. 2002.

______. Resumo – Apresentação. NBR 6028. nov. 2003.

______. Citações em documentos – Apresentação. NBR 10520. ago. 2002.

______. Trabalhos acadêmicos – Apresentação. NBR 14724. jan. 2006.

BRUSCATO, Wilges. Monografia jurídica: manual técnico de elaboração. São Paulo:ed. Juarez de Oliveira, 2002.

COLZANI, Valdir Francisco. Guia para redação do trabalho científico. Curitiba: Juruá, 2001.

ECO, Humberto. Como se faz uma tese. 15. ed. São Paulo: Perspectiva, 1999.

GOIS, Antonio. Produção científica cresce 56% no Brasil. Folha online. Disponível em: . Acessado em: 20 jun. 2009.

HENRIQUES, Antonio; MEDEIROS, João Bosco. Monografia no curso de direito: trabalho de conclusão de curso; metodologia e técnica de pesquisa; da apresentação do assunto à apresentação gráfica. São Paulo: Atlas, 1999.

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia do trabalho científico: procedimentos básicos; pesquisa bibliográfica, projeto e relatório; publicações e trabalhos científicos. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1995.

MACIAS-CHAPULA, C. A. O papel da informetria e da cienciometria e sua perspectiva nacional e internacional. Ciência da informação, v. 27, n. 2, maio/ago 1998.

MEDEIROS, João Bosco. Redação cientifica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2006.

NUNES, Luiz Antonio Rizzatto. Manual da Monografia Jurídica: como se faz uma monografia, uma dissertação, uma tese. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2007.

OLIVEIRA, Olga Maria Boschi Aguiar de. Monografia jurídica: orientações metodológicas para trabalho de conclusão de curso. Porto Alegre: Síntese, 1999.

PASOLD, César Luiz. Prática da pesquisa jurídica: idéias e ferramentas úteis para o pesquisador do direito. 2. ed. Florianópolis: Ed. da OAB/SC, 1999.

SALVADOR, Ângelo Domingos.Métodos e técnicas de : elaboração de trabalhos científicos. Porto Alegre: Sulina, 1980.

SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 22. ed. São Paulo: Cortez, 2003.

SALOMON, Délcio Vieira. Como fazer uma monografia. São Paulo: Martins Fontes, 1996.

Notas:

(1) GOIS, Antonio. Produção científica cresce 56% no Brasil. Folha online. Disponível em: . Acessado em: 20 jun 2009.

(2) WITTER, Geraldina Porto. Produção científica. Campinas, SP: Editora Átomo, 1997, p. 9.

(3) MACIAS-CHAPULA, C. A. O papel da informetria e da cienciometria e sua perspectiva nacional e internacional. Ciência da informação, v. 27, n. 2, maio/ago 1998. p. 136.

(4) LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia do trabalho científico: procedimentos básicos; pesquisa bibliográfica, projeto e relatório; publicações e trabalhos científicos. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1995. p. 15.

(5) MEDEIROS, João Bosco; HENRIQUES, Antonio. Monografia no curso de direito: trabalho de conclusão de curso; metodologia e técnica de pesquisa; da apresentação do assunto à apresentação gráfica. São Paulo: Atlas, 1999. p. 74.

(6) MEDEIROS, João Bosco. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2006. p. 66.

(7) MEDEIROS, João Bosco; HENRIQUES, Antonio. Monografia no curso de direito: trabalho de conclusão de curso; metodologia e técnica de pesquisa; da apresentação do assunto à apresentação gráfica. São Paulo: Atlas, 1999. p. 75-76.

(8) SALOMON, Délcio Vieira. Como fazer uma monografia. São Paulo: Martins Fontes, 1996. p. 39-40.

(9) PASOLD, César Luiz. Prática da pesquisa jurídica: idéias e ferramentas úteis para o pesquisador do direito. 2. ed. Florianópolis: Ed. da OAB/SC, 1999. p. 107.

(10) ECO, Humberto. Como se faz uma tese. 15. ed. São Paulo: Perspectiva, 1999. p. 87-90.

(11) NUNES, Luiz Antonio Rizzatto. Manual da Monografia Jurídica: como se faz uma monografia, uma dissertação, uma tese. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2007. p. 82-96.

(12) PASOLD, César Luiz. Prática da pesquisa jurídica: idéias e ferramentas úteis para o pesquisador do direito. 2. ed. Florianópolis: Ed. da OAB/SC, 1999. p. 107-123.

(13) SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 22. ed. São Paulo: Cortez, 2003. p. 39.

(14) ECO, Humberto. Como se faz uma tese. 15. ed. São Paulo: Perspectiva, 1999. p. 96-111.

(15) SALVADOR, Ângelo Domingos. Métodos e técnicas de pesquisa: elaboração de trabalhos científicos. Porto Alegre: Sulina, 1980. p. 118.

(16) LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia do trabalho científico: procedimentos básicos; pesquisa bibliográfica, projeto e relatório; publicações e trabalhos científicos. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1995. p. 60.

(17) MEDEIROS, João Bosco. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2006. p. 121.

(18) LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia do trabalho científico: procedimentos básicos; pesquisa bibliográfica, projeto e relatório; publicações e trabalhos científicos. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1995. p. 60.

(19) MEDEIROS, João Bosco. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2006. p. 116.

(20)ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. Citações em documentos – Apresentação. NBR 10520. ago. 2002.

(21) MEDEIROS, João Bosco. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2006. p. 137.

(22) ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. Resumo – Apresentação. NBR 6028. nov. 2003.

(23) LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia do trabalho científico: procedimentos básicos; pesquisa bibliográfica, projeto e relatório; publicações e trabalhos científicos. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1995. p. 60.

(24) Ibidem, p. 72.

(25) MEDEIROS, João Bosco. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2006. p. 153.

(26) Idem, p. 162-167.

(27) Ibidem, p. 157.

(28) Ibidem, p. 158.





Texto confeccionado por
(1) Cidinei Bogo Chatt

Atuações e qualificações
(1) Procurador da Fazenda Nacional. Mestrando da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões - URI.

Fonte: http://www.uj.com.br/publicacoes/doutrinas/default.asp?action=doutrina&coddou=7154

Um comentário:

  1. Gostei do artigo muito útil! Localizei uma pequena quebra de sentido no trecho: "Noutras palavras, o fichamento traduz informações de outro texto de forma mais : o conhecimento adquirido por meio da leitura se em ; tópicos e temas de interesse abordados no texto-base; a compreensão do texto; pa ção dados relevantes, são as informações lidas, ação as ideias internas do texto-base, a ão as ideias do texto-base e as do projeto de ficha o texto."

    ResponderExcluir