Novo episódio do Podcast Papo Filosófico

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Estilística

Por Fernando Rebouças O estudo dos processos de manipulação da linguagem pelos quais a pessoa que escreve e fala pode exprimir uma mensagem emotiva e intuitiva pelas palavras é conceituado como “estilística”. A estilística é capaz de explicar particularidades no uso da língua. A estilística é uma área da linguística e estuda a variação do uso da língua em vários grupos e segmentos, estuda tais variações na publicidade, na política, na religião, em obras autorais e num período temporal. O estudioso em estilística visa identificar a capacidade se sugerir e emocionar por meio de fórmulas e efeitos do estilo da palavra. Além dessa identificação, há os princípios que possibilitem a explicação de determinadas escolhas por estilos específicos por grupos e pessoas. A escolha de um determinado estilo de palavra escrita e falada pode ser justificada pela busca de uma socialização, ou seja, ser aceito por um grupo ou comunidade. Outros princípios de estudo são a produção de sentido, a recepção de sentido, análise crítica do discurso e crítica literária. A estilística está atento aos níveis de diálogo, aos usos regionais de acentos e a existência de dialetos. Também estuda , além das referencias de grupos, a língua descritiva, o uso gramatical e particular da língua. O termo “estilística” pode designar relações entre a forma e efeitos no uso de uma determinada língua. Na literatura e na linguística já há diversos estudos, por exemplo, sobre o “grande estilo” de John Milton, “o estilo da prosa” de Henry James, o estilo “épico” e o estilo da “canção popular”. Cada tipo de uso particular da língua e cada tipo de artigo utiliza um estilo diferente da língua. Uma carta comercial, jurídica e de amor, entre si, demonstram profundas diferenças no uso da palavra e ao teor emocional que as palavras usadas podem gerar. Para cada grupo e objetivo de situação a palavra poder ser regido de modo particular num contexto específico. Todos os diferentes estilos de linguagem, dentro de uma análise linguística, são registrados de modo técnico que consulta às propriedades de uma variedade da língua, associando a língua a uma situação. O registro está relacionado ao momento ocorrido e ao participante de determinado nível de linguagem. Como linha de estudo da literatura, a estilística existe desde os estudos retóricos de Aristóteles, Quintiliano e Cícero. Para eles o estilo era o melhor recurso para embelezar e figurar um pensamento. Segundo Pierre Guiraud, no século XX, a estilística teve quatro fases distintas: Estilística estrutural ou da expressão – Referente aos primeiros estudos de Charles Bally e Karl Vossler. Bally escreveu o “Tratado de Estilística Francesa” em 1909, tendo como base os ensinamentos de seu mestre, Saussure. Estilística genética ou do indivíduo – Teve o objetivo de analisar o vínculo do texto literário a uma base psicológica, dentre os estudiosos, destaca-se Leo Spitzer. Estilística Funcional – Fase desenvolvida pelos estudos de R. Jakobson e abordou a respeito da Comunicação verbal sobre os valores estilísticos. Estilística textual – Fase de análise de textos em seus aspectos estilísticos sob princípios da linguística estrutural e da gramática generativa. Esses estudos foram muito praticados por M. Cressot, J. Marouzeau e M. Riffaterre. Fontes: http://pt.wikipedia.org/wiki/Estilística http://www.soportugues.com.br/secoes/estil/ http://www.fcsh.unl.pt/invest/edtl/verbetes/E/estilistica.htm

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

O que é a sociolingüística?

O que é a sociolingüística? É uma vertente da lingüística que tem como objetivo o estudo da fala em situação de uso. Possui duas vertentes: a interacional que estuda o uso da língua na relação entre os pares. E a vertente variacionista que investiga as formas de identificação das pessoas por meio da expressão verbal. O que é variação lingüística? Para Cagliari, 1999, são as peculiaridades que a língua vai adquirindo com o tempo em função do seu uso por comunidades específicas. “Todas as variedades, do ponto de vista estrutural lingüístico, são perfeitas e completas entre si. O que as diferencia são os valores sociais que seus membros têm na sociedade.” A sociolingüística está dividida em dois ramos, o norte americano e o europeu. Para o primeiro, variações lingüísticas são as diferenças dentro de uma mesma língua quanto ao uso, vocabulário, semântica. E, o ramo europeu considera como variação lingüística o dialeto. O que, para alguns lingüistas, é considerado outra língua. Fichamento do texto: A Escola entre a Ciência e o Senso Comum, Marcos Bagno, 2007. “...onde tem variação (lingüística) sempre tem avaliação (social).” O autor coloca que nossa sociedade é extremamente hierarquizada e que os bens e valores culturais circulantes, incluindo a língua, também o são. Dessa maneira, a sua forma de falar diz à que camada social você pertence. O que torna a língua um poderoso instrumento de controle social, de promoção ou de humilhação, de inclusão ou de exclusão. Mesmo sabendo que as formas nós vai e nós vamos são duas formas de dizer a mesma coisa, elas comunicam a origem social de quem fala, sua inserção maior ou menor na cultura letrada, sempre mais valorizada que a oral. Ao professor cabe promover a reeducação sociolingüística, que é valer-se do espaço e do tempo escolares para formar cidadãos conscientes da complexidade da dinâmica social, das múltiplas escalas de valores que empregamos a todo momento em nossas relações com as outras pessoas por meio da linguagem. Esse trabalho implica em levar o aluno a: Entender que é possuidor de plena capacidade de expressão. Tomar consciência da escala de valores existente na sociedade, mas sem levar a aceitação dessa discriminação nem à submissão a ela. Ampliar o seu repertório comunicativo. Conscientizar-se de que a língua é elemento de promoção social e também de repressão. Inserir-se nas práticas de letramento. Reconhecer a diversidade lingüística como uma riqueza da nossa cultura. Bagno faz uma crítica ao uso inadequado das tiras do Chico Bento, dos sambas de Adoniran Barbosa e dos poemas de Patativa do Assaré para tratamento da variação lingüística. O uso apenas desses exemplos mostra que a variação lingüística é tratada como sinônimo de variedade regional, de pessoas não escolarizadas. Além disso, as falas desses personagens não são representações fiéis das variedades lingüísticas que veiculam, mas deve ficar claro que esse não é o problema já que são manifestações artísticas e não têm o compromisso científico. O interessante seria levar os alunos a refletirem sobre a não fidelidade da transcrição que aparece nas tirinhas e que muitos traços ali presentes apareçam no meio urbano também. O português brasileiro são três: uma norma padrão que ninguém fala, aquela da gramática. Um conjunto de variedades estigmatizadas e um conjunto de variedades prestigiadas. Existem dois conjuntos de traços lingüísticos: Traços graduais – presentes em todos os falantes (rôpa, pôco, ôro) Traços descontínuos – presentes nos falantes das variedades estigmatizadas (teia, abêia, trabaia) O conceito de erro: é sociocultural e depende da avaliação do meio que se está inserido. Para a lingüística o erro não existe, ele é um fenômeno passível de ser explicado por teorias lingüísticas. “Certo e errado são conceitos pouco honestos que a sociedade usa para marcar os indivíduos e classes sociais pelos modos de falar e para revelar em que consideração os tem... Essa atitude da sociedade revela seus preconceitos, pois marca as diferenças lingüísticas com marcas de prestígio ou estigma.” (CAGLIARI, 1999) Textos: Oralidade e Aquisição da Linguagem Escrita - Malu Alves de Souza Métodos de alfabetização e consciência fonológica: o tratamento de regras de variação e mudança - Stella Maris Bortoni-Ricardo Sites: Stella Bortoni Livros: Alfabetização e Lingüística – Luiz Carlos Cagliari – SP – Sipione, 1999 Nada na Língua é Por Acaso – Marcos Bagno – SP, Parábola, 2007