Novo episódio do Podcast Papo Filosófico

segunda-feira, 15 de abril de 2019

ÉTICA – SENSO MORAL E CONSCIÊNCIA MORAL

O SENSO E A CONSCIÊNCIA MORAL 
 





Muitas vezes sentimos indignação diante da injustiça, assim como também sentimos responsabilidade quando ficamos sabendo sobre a pobreza ou a miséria e então participamos de campanhas, colaboramos em situações de precariedade num ato de solidariedade.
Outras vezes levados por algum impulso incontrolável como a emoção ou o medo, fazemos coisas que nos trazem arrependimentos, remorso, culpa ou vergonha; estes sentimentos traduzem o nosso senso moral.
Diante do cinismo dos mentirosos, dos que usam outras pessoas como instrumentos para seus interesses e para conseguirem vantagens à custa da boa-fé dos outros, ficamos indignados e sentimos cólera.
Se vivemos situações de angústia e de aflição, ou sabemos de pessoas que também sofrem desse mal, como por exemplo, a questão do desemprego ou das irregularidades no ambiente de trabalho. Situações que enfrentamos que nos fazem manifestar nosso senso moral. As mais dramáticas ou menos dramáticas – surgem e nos trazem dúvidas quanto à decisão a tomar; não só exprimem nosso senso moral, mas também põem à prova nossa Consciência Moral, pois exigem decisões sobre o que fazer justificativa para nossos atos, não só para acomodar a nossa consciência, mas também porque devemos assumir as consequências da decisão que tomamos, dos atos que praticamos e das proporções que estes possam alcançar em relação aos outros. Essa postura demonstra responsabilidade na nossa opção.
Assim podemos entender que o senso moral e a consciência moral referem-se a valores (justiça, honradez, espírito de sacrifício, integridade e generosidade).
Embora o conteúdo dos valores variem, podemos perceber que os sentimentos e as ações nascidos de uma opção entre o bom e o mal ou entre o bem e o mal estão referidos a algo mais profundo e isto significa que o nosso desejo de afastar a dor e o sofrimento e de alcançar a felicidade, seja por ficarmos tranquilos com nossa consciência e por obtermos a aprovação das outras pessoas. Portanto dizem respeito às relações que mantemos com os outros, nascem e existem como parte da nossa vida intersubjetiva.
JULGAR DAS COISAS
O homem, através do seu intelecto e sua experiência, ou seja, das formas de conhecer, forma juízos acerca da realidade, acerca das coisas. Julgar de algo é, ou formar um juízo equivale a simplesmente afirmar, negar, juntar, separar propriedades de um objeto. Por exemplo, dizer que uma maçã é vermelha, que o céu é azul, que a chuva é bela, enfim, qualquer coisa que se possa dizer de algo é um processo de julgar. Os juízos podem ser e dois tipos, de fato e de valor.
JUÍZO DE FATO
…são aqueles que dizem que algo é ou existe, e que dizem o que as coisas são, como são e por que são (CHAUI). Em outras palavras, juízos de fato são proposições que formamos com base no material da realidade, ou seja, coisas que julgamos a respeito do que está posto ao nosso redor, das coisas que existem, dos objetos materiais.
EX: O aço é um metal;
O hidrogênio é um elemento químico;
O revólver é uma arma.
Há mais chineses que brasileiros no mundo.
O caderno tem folhas.
JUÍZOS DE VALOR
…são normativos e se referem ao que algo deve ser; Como devem ser os bons sentimentos, as boas intenções, as boas ações, os nossos comportamentos decisões, etc. (Adaptado – CHAUI). Neste caso, os juízos de valor não tratam de objetos materiais, mas sim de questões relacionadas às ações humanas, ou seja, a questões morais e éticas. São reflexões acerca de como deve ser o bem proceder das pessoas. Mas eles não se limitam às questões do comportamento humano, pois podem referir-se também a objetos materiais, no entanto, o juízo tem um caráter diferente, veja o exemplo:
O oxigênio é bom; Ora, nós sabemos muitas coisas a respeito do hidrogênio, que ele é um elemento químico, que pode ser encontrado na água, entre outras coisas, mas se ele é bom não sabemos. Não se pode afirmar com certeza se ele é algo bom sem depender das circunstancias e mesmo assim, a bondade em si não será uma propriedade do oxigênio.
Mais exemplos:
Discussões são ruins.
Os ricos são medíocres.
Os políticos são corruptos.
A pena de morte é injusta..
Então, os juízos de valor não dizem respeito às propriedades reais da coisa, do objeto, mas sim de como julgamos a presença, existência, ação de tal coisa, objeto. Por outro lado, os juízos de fato dizem sim as propriedades reais, intrínsecas na realidade do objeto, ou seja, diz que coisas que podemos perceber de fato em algo.
FONTES:

sábado, 10 de março de 2018

Alfabetizar na EJA: o que muda no planejamento das aulas?

Ensinar adultos exige cuidados. Não tratar os alunos como crianças é um dos pontos fundamentais para que o trabalho funcione 
Salvar

Os materiais utilizados para alfabetizar os pequenos não servem para os adultos

A defasagem na escolaridade leva muitos alunos a procurarem a Educação de Jovens e Adultos (EJA). Em geral, este público é atendido por professores formados para atuar no Ensino Fundamental e que costumam trabalhar paralelamente com as crianças das turmas regulares. Apesar de o currículo ser essencialmente o mesmo, quem frequenta a EJA já é adulto e busca outra finalidade com os estudos. Por isso, o professor precisa fazer adaptações na escolha dos temas, na abordagem e no tratamento que dá à turma. 

Segundo a Proposta Curricular em Educação Para Jovens e Adultos do Ministério da Educação, quem trabalha neste segmento deve conhecer os alunos "suas expectativas, sua cultura, as características e problemas de seu entorno e suas necessidades de aprendizagem". Respeitar a realidade do estudante é fundamental em todos os níveis de ensino, mas ganha uma importância ainda maior quando eles já são experientes. É preciso levar em conta a bagagem da turma. O papel do educador na EJA é, principalmente, o de ajudar o adulto a perceber mais sensivelmente o mundo que o cerca e ampliar o repertório dos alunos para que consigam solucionar questões do cotidiano com mais propriedade.
Segundo a Proposta Curricular em Educação Para Jovens e Adultos do Ministério da Educação, quem trabalha neste segmento deve conhecer os alunos "suas expectativas, sua cultura, as características e problemas de seu entorno e suas necessidades de aprendizagem". Respeitar a realidade do estudante é fundamental em todos os níveis de ensino, mas ganha uma importância ainda maior quando eles já são experientes. É preciso levar em conta a bagagem da turma. O papel do educador na EJA é, principalmente, o de ajudar o adulto a perceber mais sensivelmente o mundo que o cerca e ampliar o repertório dos alunos para que consigam solucionar questões do cotidiano com mais propriedade.

A professora Miriam Capitânio Macgnani, da EM Madre Celina Polci, em São Bernardo do Campo (SP), dá aulas para uma turma de 19 alunos que trabalham na construção civil. Eles fazem parte de um projeto da prefeitura e frequentam a escola durante o expediente para elevar o grau de escolaridade e aprimorar os conhecimentos da profissão. Além das aulas regulares, são acompanhados por um professor de nível técnico.

Para aproximar os conteúdos curriculares da realidade dos alunos, Miriam propôs uma pesquisa sobre diferentes tipos de construção e suas funções. Como muitos vivem em moradias irregulares, o impacto destes ambientes na sociedade, na natureza e na saúde dos estudantes é debatido em sala, com o apoio de fotos do acervo municipal.

Em outra ocasião, uma das estudantes, de 27 anos, contou que já estava na nona gestação apesar da pouca idade. Ciente que o tema era familiar ao resto do grupo, a professora preparou uma aula sobre métodos contraceptivos e saúde da mulher, que contou com boa participação da turma. "Contextualizo o conteúdo porque o aprendizado para eles têm que ser significativo, afinal buscam a escola para mudar a própria vida", explica a docente.

Muitos dos alunos de Miriam ainda não sabem ler. Para alfabetizá-los a Secretaria de Educação desenvolveu um material exclusivo. Na hora de propor aos alunos a escrita de uma lista de palavras, por exemplo, ela opta por termos relacionados ao cotidiano da construção civil. Esta é uma escolha importante, já que aquilo que é utilizado na alfabetização dos pequenos, como parlendas e listas com nomes de animais, não serve para os adultos. O trato infantilizado é, inclusive, um dos motivos que afastam os alunos da EJA da escola e pode ser apontado como uma das causas para a queda de 6% nas matrículas, revelada no último Censo Escolar. Uma dica é substituir estes textos por poesias ou letras de músicas conhecidas.

Assim como o planejamento das aulas é diferente, as dificuldades também mudam do Ensino Fundamental nas turmas regulares e nas turmas de EJA. Miriam observa que, ao contrário das crianças, os adultos têm mais medo de errar, principalmente na hora de formular hipóteses de escrita. Em entrevista à NOVA ESCOLA a pesquisadora Sandra Medrano, coordenadora pedagógica do Centro de Educação e Documentação para Ação Comunitária (CEDAC), explicou que este receio tem um motivo. Em geral, este aluno tem mais dificuldade para compreender que escrever "errado" ou não conseguir ler todas as palavras é uma maneira de alcançar o acerto. A sugestão é que o professor mostre que o mais importante, no caso da alfabetização, é pensar sobre o sistema de escrita, o que inclui refletir e discutir sozinho e com os colegas quais letras usar e em que ordem, quais palavras são familiares e o que pode ser referência para escrever algo novo.
Por: Camila Camilo